Tempo de Leitura: < 1 min
Inês Afonso Marques

Inês Afonso Marques

Sabe-se actualmente que o impacto dos maus tratos na infância (abuso físico ou sexual, abuso emocional ou negligência) têm repercussões negativas a longo prazo, quer no desenvolvimento emocional e psicológico, quer no desenvolvimento físico.

Um estudo recente, levado a cabo pelo King’s College London (“Childhood maltreatment and obesity: systematic review and meta-analysis”), conclui que crianças que sofrem maus tratos têm 36% de probabilidade de vir a ser obesas na idade adulta, quando comparadas com as que não experienciam maus tratos. Os autores estimam ainda que, por cada sete casos de maus tratos prevenidos, ou em que é possível realizar uma intervenção eficaz, pode ser evitado um caso de obesidade na idade adulta.

Ao introduzir-se o papel da depressão nesta equação, surgem novas hipóteses. Pessoas que sofrem maus tratos poderão comer mais como efeito do stress precoce em áreas cerebrais associadas à inibição da alimentação ou nas hormonas reguladoras do apetite. Outra hipótese aponta para que pessoas que sofrem maus tratos poderão queimar menos calorias devido ao efeito do stress no sistema imunitário em idades precoces, conduzindo à fadiga e a actividade reduzida. Ambas as hipóteses necessitam, no entanto, de ser alvo de novos estudos.

Partindo das linhas condutoras deste estudo, sugerimos algumas reflexões para pais e educadores, enquanto modelos comportamentais da criança:

– Estabeleça e promova relações interpessoais positivas, pautadas pelo respeito mútuo;

– Pratique exercício físico com regularidade, fomentando o bem-estar físico e emocional a longo prazo;

– Perante uma criança que faz uma birra ou que manifesta dificuldade em regular as emoções negativas, não lhe ofereça comida como forma de acalmar o desconforto emocional, pois dessa forma correrá o risco de estar a ensiná-la a associar comida a apaziguamento emocional.