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Autor: Maria João Matos

“Não quero ir para a escola” é uma frase que certamente já ouviu, ou conhece crianças que manifestam desinteresse ou até mesmo se recusam a ir à escola.

Muitos pais referem que tentam diferentes abordagens para convencer os filhos a irem à escola, umas menos punitivas, utilizando recompensas com presentes, integração numa atividade desportiva, outras mais punitivas como o impedimento de acesso à internet, videojogos ou atividades extracurriculares. Mas o insucesso nos resultados transmite que algo não está bem, algo se passa com a criança, e que os pais revelam dificuldade em encontrar uma forma de ultrapassar a situação, podendo por vezes até levar a que piore e ganhe uma dimensão difícil de gerir para todos os elementos da família.

A recusa em ir à escola é um problema que afeta muitas crianças, em que surgem com frequência sintomas (como ansiedade, medo, por vezes pânico, dificuldade em dormir, pesadelos, mal-estar físico) para os quais na maioria dos casos não existe uma justificação médica (como vómitos, dores de barriga, dores de cabeça, febre). Habitualmente, estes sintomas surgem durante os dias da semana e com mais frequência ao acordar, tornando este momento do dia difícil para pais e filhos. Ao longo do dia os sintomas vão perdendo intensidade.

Os motivos da recusa em ir à escola podem não estar focalizados apenas numa dimensão e serem até um conjunto de fatores relacionados com outros contextos, como o familiar ou o social. Não obstante, são mais frequentes no início da escolaridade, ou, por vezes, em mudanças de ciclo, equipamento escolar ou alterações familiares; podem ainda surgir após períodos de férias, de doença.

Na origem da recusa em ir à escola podem estar a rejeição e ameaças pelo grupo de pares; as dificuldades de aprendizagem, que levam a que a criança possa sentir-se menos capaz, não correspondendo às expetativas dos adultos; o estabelecimento de relações de dependência com os pais e inseguranças construídas durante o seu desenvolvimento. Em qualquer das situações, é necessário que os pais estejam muito atentos, que consigam perceber que criança precisa de ajuda para ultrapassar esse momento e não permitam que a situação se prolongue, pois quantos mais dias estiver afastada da escola mais difícil será o seu regresso.

O que fazer? Que estratégia adotar? Deve pedir ajuda? Será que o seu filho não quer ir por preguiça ou passa-se algo de mais complexo?

Deixamos algumas sugestões para os pais que estão a viver esta situação de recusa escolar:

– Esteja atento aos comportamentos do seu filho;

– Converse com a criança sobre a situação, permitindo que fale dos seus medos e preocupações;

– Demonstre que vai ajudá-la a ultrapassar a situação;

– Fale com o professor, de forma a perceber o que se passa, e como poderão ultrapassar o problema juntos;

– Se identificar situações de possíveis ameaças, encontre, juntamente com o seu filho, estratégias para lidar com os problemas.

Incentive as sugestões dele e ajude-o a colocá-las em prática de forma segura.

– Convide algum amigo da escola, caso exista – e se o seu filho concordar –, para que possam partilhar conversas;

– Se for o caso, encoraje-o a voltar à escola, ajudando-o no regresso.

Ultrapassar este desafio requer tempo. Se as estratégias que utiliza não estão a ter sucesso, é fundamental que não entre em pânico e converse com o seu filho sobre a possibilidade de recorrerem a um psicólogo, no sentido de encontrarem soluções para a situação. Não demonstre zanga ou tenha qualquer comportamento que possa deixar o seu filho com mais preocupações ou medos no regresso à escola.