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Gustavo Pedrosa

Gustavo Pedrosa

Ano Novo, vida nova. Às 12 badaladas todos pedimos 12 desejos. Traçamos novos objetivos, fazemos novas exigências, pensamos no que queremos que nos aconteça. Todas as tradições são repetidas e feitas quase sem inovar.

E se aos desejos pessoais fossem adicionados os desejos feitos em família?

Quando o casal ou a família não estão numa fase particularmente feliz, traçam-se objetivos para o sistema familiar, mas fazendo-o sempre individualmente. E se houvesse uma reunião familiar para se discutirem e fixarem novos objetivos? E se os pedidos e desejos fossem partilhados?

O momento de fazermos os nossos desejos para o ano novo tem algo de único e especial. Projetamos o futuro e as nossas necessidades mais egoístas, sem termos receio de que o egoísmo seja exposto. Quando estamos a partilhar os nossos desejos, estamos a dar-nos a conhecer e a submeter-nos ao escrutínio de terceiros. Ao mesmo tempo, ao verbalizarmos esses mesmos desejos, estamos também a conhecer-nos a nós próprios e a perceber ao certo se o que nos propomos a realizar pode ser levado a sério. Mas esta partilha obedece a regras e cuidados. O processo deve ser feito como um “brainstorming” no emprego, ou seja, sem julgamentos e sem interpretações generalizadas por parte dos restantes membros da família. Tem de haver o cuidado para distinguir o que são desejos individuais e os que são desejos familiares, aprofundando todos eles, não desperdiçando a oportunidade com superficialidades. Devemos aproveitar o momento para tirarmos “apontamentos” para nós próprios aprendermos e conhecermos as pessoas que estão ao nosso lado, mas também para estabelecermos um rumo ou objetivo para a nossa família. Perceber o que está errado, o que cria sofrimento e o que é positivo.

Não será fácil introduzir este processo na família, especialmente quando o mal-estar ou as tradições estão já muito cristalizadas. No entanto tente introduzir, aos poucos, pequenas mudanças, fazendo-o sempre de forma progressiva e que não seja facilmente rejeitada pelos restantes familiares. Até porque se trata de um processo de partilha que pode ser de grande exposição e, eventualmente, levar ao sentimento de incompreensão. Por isso, as regras e os objetivos devem ser bem explícitos logo no início.

E deixo a pergunta: sabe o que o seu companheiro deseja? Sabe o que a sua namorada vai pedir? Sabe quais são os objetivos traçados pelos seus filhos?