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Autor: Sara Guelha

Tem filhos adolescentes? Então este artigo é para si! Se ainda são crianças, aproveite para o ler, pois certamente ser-lhe-á muito útil num futuro próximo!

O seu filho já lhe disse: “não me chateies”, “deixa-me em paz!”? Tranca-se no quarto a ouvir música aos berros e não acata a sua ordem? Já sentiu que ele prefere estar com os amigos a sair consigo? Pois é, o seu filho… é um adolescente!!

A adolescência é o período de transição entre a infância e a vida adulta, caracterizado por impulsos do desenvolvimento físico, mental, emocional, sexual e social e por esforços do indivíduo para alcançar os objetivos relacionados às expectativas culturais da sociedade em que vive. A adolescência inicia-se com as mudanças corporais da puberdade e termina quando o indivíduo consolida o seu crescimento e a sua personalidade, obtendo, progressivamente, a sua independência económica, além da integração no seu grupo social.

Os limites cronológicos da adolescência são definidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) entre os 10 e os 19 anos

 

Este período poderá revelar-se como uma fase do desenvolvimento humano particularmente complicada, quer para o adolescente, quer para os seus pais, que muitas são vezes em que revelam incapacidade em compreender e lidar com as mudanças comportamentais dos seus filhos. É uma fase em que procuram a sua própria identidade e questionam as regras e limites impostos. Existe uma enorme instabilidade emocional e a vontade de crescer rápido impõe-se.

 

Para os pais torna-se um verdadeiro desafio diário lidar com este turbilhão de emoções e comportamentos. Ainda ontem eram crianças e hoje, os seus filhos, cresceram e têm um espírito crítico para pôr tudo em causa. A adolescência é a fase do diário, do segredo, do primeiro grande amor, da intimidade e dos heróis. Sim, os heróis influenciam a vida dos jovens nas suas primeiras tentativas de identidade do ego. Além dos heróis, os pais têm um papel determinante na construção da identidade do filho. Mas, atenção! O adolescente não se identifica com os modelos parentais mas sim revolta-se contra eles, rejeitando o seu domínio. Esta rejeição é necessária para separar a sua identidade da dos pais e da necessidade de pertença a um grupo social de referência.

A diferença de gerações também pode ser um obstáculo à relação entre pais e filhos. A forma de ver o mundo é diferente, a tolerância escassa e a polarização de pretensões entre filhos e pais provoca confrontos na relação que aumenta o comportamento rebelde e de oposição.

 

O jovem desvia o interesse do mundo exterior, para se concentrar cada vez mais em si próprio. Procura diferenciar-se de tudo o resto e, por esse motivo, rompe com a autoridade, tanto dos pais como dos professores. Procura autonomia, o que por vezes implica um período de crítica, e lhe faz perder, por exemplo, o interesse em participar nas atividades familiares.

Cresce a fantasia, através da qual compensa as inseguranças que experimenta no mundo real. Por isso é tão difícil falar com ele: está no seu próprio mundo.

 

Surgem questões de comparação e de queixa: “os pais do J. não proíbem a Internet”, “os pais da S. deixam trazer a namorada para casa, na minha casa eu não tenho liberdade”. Crescem, neste momento, os conflitos entre pais e filhos. Crescem as dificuldades de aceitar a autoridade dos pais e estes perdem a paciência para lidar com tanta instabilidade. Assim, seguem algumas sugestões, dicas, reflexões sobre a relação entre pais e filhos para que haja um equilíbrio e um entendimento saudáveis.

  •    Costuma dizer ao seu filho que sabe perfeitamente pelo que ele está a passar, pois já viveu tudo aquilo e, portanto, acham que pode dizer qual é o melhor caminho? Então evite! É necessário respeitar o momento do seu filho sem impor o seu modo de pensar. Por mais que tenhamos ideia de como é, agora é a vez deles e é impossível impedir o seu sofrimento, para além de que a sua experiência será certamente diferente da dos pais.
  •    Os adolescentes consideram-se maduros e não gostam de dar satisfações. Mas precisam. E o ideal é fazer com que isso aconteça naturalmente, sem a necessidade de cobrar explicações. Se os adolescentes forem tratados com respeito, geralmente, retribuem da mesma maneira. O importante é dar espaço para que o seu filho desabafe, partilhe, sem que sinta medo de ser julgado.
  •    Ameaçar cortar a mesada, caso o seu filho não obedeça, é muito comum. Assim como dizer que, enquanto ele viver às suas custas, não poderá tomar certas atitudes. Talvez devemos mudar de estratégia. Deve explicar as razões que o leva a proibir determinados comportamentos do seu filho, mas com ameaças, o jovem apenas obedece para não perder um benefício.
  •    Deve interessar-se pelo “mundo” do seu filho: a linguagem que usa, as musicas e ídolos, quem são os amigos, mas sem invadir a privacidade dele. Esta individualidade deve ser respeitada. Deve estar sempre disponível para conversarem sobre qualquer assunto, incluíndo drogas, sexo, doenças sexualmente transmissíveis, sem constrangimentos.

 

Não se esqueça de três coisas muito simples: afecto, independência e diálogo. E tudo vai correr bem!