O Luto e o seu corpo!
Por muito que tenhamos passado e vivido na nossa vida, ninguém nos prepara para a intensidade da dor dilacerante que é a perda de um ente querido. É como se a partir daquele momento tudo mudasse, e o nosso mundo como sempre o conhecemos ruísse. Sabemos que a partir daquele momento nada vai voltar a ser como era.
E é isso mesmo que acontece!
O luto é um processo complexo que envolve e integra todo um conjunto de reações ao nível emocional, físico, cognitivo, comportamental e social. É considerado um dos acontecimentos mais stressantes e dolorosos que podemos vivenciar, e afecta toda a estrutura familiar e social que faz parte da nossa vida. O processo de luto é necessário e inevitável, e leva-nos a adaptar a novas rotinas, reestruturar a nossa identidade, e a adoptar novos papéis dentro da sociedade, do sistema familiar, profissional e social.
E o corpo? Como Afeta a Saúde?
O luto envolve sensações físicas intensas como a falta de apetite, confusão mental, insónias, dores no peito e abdómen, palpitações, dores de cabeça, tensão muscular e tonturas.
Um estudo efectuado com mulheres recentemente viúvas demonstrou que na fase de luto a actividade do sistema imunitário ficava comprometida tornando-as mais susceptíveis à doença. Verificou-se igualmente que estas mulheres tinham elevados níveis de cortisol (hormonas libertadas por estados de stress elevados), o que sabemos resultar igualmente na redução da imunidade do corpo, no aumento da pressão e níveis de colesterol e possíveis arritmias cardíacas.
E quando negamos o luto?
Herbert (2010) salientou que a perda de um ente querido é como a morte de um sonho…de um segredo. Como uma história cortada a meio. O enterro do sonho e desejo, por vezes, é demasiado doloroso para conseguirmos fazer o luto…para libertarmos a pessoa que faleceu. E quando não fazemos esse processo, a emoção que não é processada fica bloqueada e guardada dentro de nós sendo a possível causa subjacente à depressão, perturbações de ansiedade, doenças no tracto digestivo-intestinal como Síndrome do Colon irritável e doença de Chron, problemas do foro dermatológico, enxaquecas, asma, artrites, e doenças auto-imunes.
O que podemos fazer?
Procurar apoio e não nos isolarmos no sofrimento. Falar, chorar e partilhar a dor. Se sentirmos que esse apoio não está a ser suficiente, a procura de um profissional de saúde pode ser crucial e indispensável à sua saúde e futuro bem-estar!
Susanne Marie França – Psicóloga Clínica