Tempo de Leitura: 2 min

Autor: Maria João Matos

O grupo de amigos do seu filho é fonte de preocupação? Por vezes surgem discussões por achar que eles não são a melhor companhia? As conversas ao telefone e as mensagens são intermináveis? Sente que o seu filho quase não tem tempo para si nem para a família? Ou a sua preocupação surge por achar que o seu filho quase não sai de casa, passa horas no quarto no computador ou a ouvir música, e conseguir ter a companhia dele em alguma saída é um processo muito difícil, que exige uma longa preparação?

A adolescência é um período de mudanças por excelência, e ao adolescente é exigido, tanto interna como externamente, adaptação a essas alterações. Fazem parte da caminhada do adolescente a elevada autoconsciência, a preocupação com assuntos relacionados com a aparência física, as relações com os outros, o juízo crítico, as competências sociais e o medo de avaliações negativas por parte dos outros. É no contexto escolar que o adolescente é diariamente colocado à prova pelo grupo de pares e pelos adultos, desde o seu desempenho escolar à forma de vestir, de andar, de falar, de se pentear, entre outros. Contudo, apesar de termos conhecimento de que estas experiências são consideradas normativas do desenvolvimento, em alguns adolescentes podem gerar elevada ansiedade, com implicações significativas no seu desenvolvimento, assim como na forma de construírem as suas relações.
Ter relações bem-sucedidas na infância e na adolescência influencia de forma decisiva o desenvolvimento de relações adequadas na vida adulta, promovendo o desenvolvimento de capacidades sociais e de sentimentos de competência, essenciais para o funcionamento enquanto adultos. Pelo contrário, uma criança ou adolescente que demonstre dificuldade nas relações com os pares e adultos pode desenvolver problemas de adaptação, dificuldades académicas e outros problemas inerentes à saúde mental.

Os pontos de interrogação tornam-se num hábito comum em pais com filhos adolescentes. Sendo certo que não existem receitas, dado que cada adolescente é único, para que estes pontos não fiquem sem resposta, a desconstrução pela reflexão conjunta, a atenção disponibilizada, a proximidade pela presença, respeitando em simultâneo o espaço e intimidade do seu filho, a capacidade de escutar as suas razões, colocando em prática estratégias assentes sobretudo num modelo relacional, contribuem para a melhoria do bem-estar, permitindo que o diálogo seja a ponte de entendimento entre pais e filhos.

Ajude o seu filho a ser capaz de construir e de manter relações saudáveis com o grupo de pares, aceitando-se como um ser único e especial! Quando as dúvidas surgirem por parte dos seus filhos, recorde-se de que esta é também uma fase de questionamento por excelência, e que nem sempre tudo poderá ter uma resposta. Aproveite o momento para que o seu filho se sinta respeitado e compreendido por si, permitindo que esta seja a primeira de muitas vezes em que procura o seu apoio. Se no entanto perceber que algo parece não estar bem depois de algumas tentativas suas de ajudar, encoraje o seu filho a procurar ajuda.