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Autor: Helena Almeida

A separação do casal parental resulta em alterações no modo de estar em família e nas rotinas dos filhos. Esta grande mudança é simultânea à própria separação, o que leva a que seja frequentemente atribulada, com atropelos ou pouco refletida. Por muito que não o queiramos, os filhos acabam por ser apanhados pelo turbilhão dos acontecimentos e por emoções com que a família se vê a braços e que eles próprios estão a tentar elaborar…

E, enquanto isso, começam as viagens para casa do pai ou da mãe, com o arranjar da mochila, as logísticas ainda pouco arrumadas de quem vai então buscar à escola e a que horas… e na cabeça dos mais pequenos uma série de questões muitas vezes não verbalizadas: “Mas agora fico até mais tarde na escola? Ou será que é só quando o pai/a mãe me vem buscar? E quem é que vem hoje afinal?”; “Então, mas este fim de semana não vou almoçar aos avós como sempre?”; “Porque é que não tenho um quarto aqui como na outra casa?”; “Se calhar devia pedir para me darem sempre os brinquedos em duplicado…”; “Lá é banho à noite e aqui é de manhã? Mas aqui é assim e na outra casa é ao contrário?”.

Pois é. Além de elaborar a perda da estrutura familiar ainda tem estes assuntos todos para esclarecer. Não será muito?! É, e é natural que a criança reaja e mostre o seu mal-estar. Contudo, existem estratégias que ajudam a tornar esta transição menos turbulenta. Não se tratam de receitas, antes de dicas para refletir e adotar, ou não, conforme o que fizer sentido a cada família.

Em primeiro lugar, é imperativo que se vão construindo novas rotinas, momentos para estar com o pai e com a mãe, para telefonar a um quando está com o outro. As rotinas devem ser estáveis, explicadas e respeitar as necessidades da criança, evitando momentos que tendencialmente criam ansiedade, o que também é válido para as rotinas diárias como a hora a que se faz os trabalhos de casa, se toma banho, janta e os rituais associados à altura de ir para a cama, por exemplo.

Os benefícios da existência de regras e horários são amplamente reconhecidos. As crianças apreciam a rotina (mesmo que às vezes não pareça): dá-lhes segurança e permite-lhes antecipar o que vai acontecer e o que é esperado de si. Neste sentido, e mesmo estando em casas diferentes, é importante que os pais mantenham regras e posturas semelhantes, sendo capazes de falar entre si sempre que sentirem necessidade de ajustes ou de alterações nas mesmas.

É fulcral que a normalidade se mantenha, dentro do possível. Uma transição gradual, com atenção às manifestações de ansiedade ou de tristeza das crianças é fundamental. Virar o mundo de uma criança “de pernas para o ar” de um dia para o outro não só não é adequado como pode ser prejudicial para a sua saúde física e emocional.