A ida ao psicólogo ou a um técnico de saúde mental, no sentido mais lato, mantém-se ainda, na actualidade, profundamente estigmatizada, com particular ênfase sobre a população masculina, frequentemente reportada como oferecendo maior resistência ao início voluntário de um processo psicoterapêutico.
Apesar da proliferação de argumentos favoráveis à importância para uma sociedade dita avançada de índices favoráveis de saúde mental, falar em Doença Mental permanece um assunto tabu, sendo vários os pacientes que optam por omitir junto dos seus familiares e amigos o facto de se encontrarem a ser acompanhados por um técnico de saúde mental.
Em parte, a estigmatização continuada do sujeito com doença mental prende-se com a associação falaciosa entre psicopatologia e loucura, elemento desde sempre presente nas sociedades humanas mas altamente conotado com significações de incapacidade, falta de autonomia e dependência.
Paradoxalmente (ou não), reafirma-se um pouco por todo o mundo (com predominância mais elevada nos países ditos desenvolvidos) um número excessivamente elevado de psicopatologias, com particular ênfase sobre as Perturbações do Humor (em particular a Depressão) e as Perturbações da Ansiedade.
A industrialização veio obrigar a sociedade a reorganizar-se, pressionando o Homem para a realização profissional, a satisfação de objectivos estratégicos, de mercado, mais do que para a realização pessoal, numa equação estrita de fazer mais=fazer melhor. Quem de nós nunca disse ou ouviu dizer eu não tenho tempo para ficar doente? O recurso à medicação psicofarmacológica surge, neste contexto, como uma ferramenta percebida como mais imediata (logo, mais eficaz…) de reabilitação do mal-estar, de “recuperação da máquina”. Numa clara corrida contra o factor tempo, o Homem recusa-se a adoecer na mesma medida em que se recusa a cuidar de si. A doença mental não passa, muitas vezes, pelo excesso mas pela carência: de afectos gratificantes, da capacidade de Pensar com qualidade, de auto-estima, …, baseando-se muitas vezes em falhas internas (estruturais ou circunstanciais) mais do que em situações externas ao próprio. Quando afirmamos não ter tempo para adoecer, comunicamos a nossa indisponibilidade para podermos falhar (no sentido da visão mecanicista do Homem) e, no limite, para podermos sofrer. Consequentemente, calamos as nossas dores (físicas e mentais) e desempenhamos uma e outra vez os papéis sociais (regidos por padrões de elevada exigência) que nos cabem, sem que nos permitamos estar com nós mesmos.
O Homem de hoje é, em si, um Não-lugar. Depara-se com a ausência de um espaço físico próprio, um “lar”, porque a intensa mobilidade laboral e a carência económica inviabilizam frequentemente essa possibilidade. Enfrenta uma negação do seu Eu, indispensável a um funcionamento altamente mecanizado e orientado para fins (ao invés de para meios). Descobre-se repetidamente num vazio existencial profundamente cheio de uma massa de seres humanos demasiado ocupados para se pensarem, se sentirem, se saberem. Daí resulta uma alienação emocional, uma dificuldade premente de contactar com os afectos próprios, fortemente reprimidos. Decorre daqui uma falência relacional profunda que se reproduz, não raramente, em psicopatologias fortemente alicerçadas na ausência, percebida, de Outros ou na inadequação ou insatisfação face aos laços afectivos estabelecidos.
Neste contexto, a Psicoterapia conquista um novo espaço. Apresenta-se como um Lugar Possível, um Espaço de (re)encontro, de contacto com um Outro que se disponibiliza a apoiar o nosso regresso a nós mesmos. Em Psicoterapia cria-se um Tempo só nosso, durante o qual nos é permitido recuar às nossas dores e reestruturar os nossos pensares e sentires. Mantemo-nos porém, apesar de haver uma cada vez maior facilidade no acesso a Psicoterapia, inclusivamente do ponto de vista dos custos económicos que aquela acarreta, reticentes face à entrada num processo psicoterapêutico. Estaremos a evitar encontrar-nos, (re)descobrir-nos, sentir-nos?
Propomos-lhe uma viagem dentro de si mesmo. Uma viagem a dois dentro do extraordinário Universo que é a Psicoterapia. Esperamos por si no nosso cantinho psicoterapêutico.
Não tenho problema algum em consultar qualquer técnico, médico, ou psicólogo,desde que precise! Já precisei de uma psiquiatra, porque decorrendo de uma queda num autocarro, o pânico foi tal, que tive uma depressão pós traumática fóbica….(um horror)…eu uma pessoa muito independente, que me metia numa camionete para ir a um jantar de colegas ao Porto (moro no Barreiro), vi-me a não sair de casa para ir à padaria aqui a uns metros. Mas venci, tudo isso, dizia a médica que eu é que fazia bem à medicação,ahahah
Mais tarde, passados 7 anos, dou outra queda em casa, com a minha nétinha, que tinha 2 aninhos,ao colo, e eu operada há 3 meses à barriga!!! Pensei naqueles segundos: parto as pernas à menina e abro a barriga!!!! Nada disso aconteceu, felizmente!!! Virei-me levantando o braço esquerdoi onde estava a menina,e caí encostada à cadeira que me tinha fugido. A menina, ficou em pé, eu como me torci, fiz um desvio da rótula, em Março. Tratando do joelho,o médico percebeu que havia algo mais, mas como sou muito positiva, não disse nada. Em Junho, não dormia e todos os barulhos, não eram no sítio deles eramdentro da minha cabeça…Quando cheguei à consulta o médico disse: Tal como tinha pensado, está com uma depressão!!!! Pronto, como a psiquiatra estava para fora fiz o tratamento com ele.Tenho uma irmã enfermeira que um dia me disse que seria bom consultar uma psicóloga, porque tive una anos da minha vida complicados. Lá fui eu, ela era uma querida, fartamo-nos de rir, porque eu sou assim mesmo, e ao fim de 3 sessões eu perguntei quem pagava a consulta a quem,ahahah.
Mas eu podendo não tomar nada, fico feliz, se tenho alguma coisa haja o que tomar e recorro logo ao médico da especialadade. Gosto muito dos vossos artigos, que leio sempre, porque também adoro ler
Se me permitem, um abracinho
Mª Felizbela Ruao
Muito obrigada pelo seu testemunho de força e resiliência!
Abraço,
Oficina de Psicologia