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Autor: Maria João Matos

De acordo com Gullone (1996), o medo normal pode ser definido como uma reação natural a uma ameaça real ou imaginada, é considerado como um aspecto integral e adaptativo do desenvolvimento humano. Este tipo de medo, tem sido objeto de análise de vários estudos de acordo com diferentes variáveis, idade ou estádio de desenvolvimento em que a criança se encontra, a duração do mesmo e se interfere com o funcionamento das rotinas diárias da criança, para se poder distinguir de outros medos menos adaptativos.

Na infância, os medos encontram-se no meio imediato, ruídos muito fortes, possibilidade de perda de apoio, no fim do primeiro ano de vida denota-se um aumento do medo de pessoas estranhas, objectos estranhos, nesta altura assistimos também à emergência da ansiedade ou angústia de separação. Estes medos implicam competências cognitivas, nomeadamente a capacidade de recordar e de distinguir o que é novidade do que é familiar. Mais tarde, na idade pré-escolar, as crianças mostram medo de estar sós e do escuro e por vezes medo dos animais. A idade escolar, é caracterizada por medos relacionados com fenómenos sobrenaturais, insucesso, críticas e ofensas corporais. Assim, na infância, os estímulos que provocam medos estão associados a uma natureza concreta e à medida que a idade avança, estes mudam passando a abranger acontecimentos mais imaginários e/ou abstractos.

Medos relacionados com a morte e o perigo são os mais frequentes ao longo do processo de desenvolvimento e continuam até à vida adulta, como facilmente percebemos. Os medos têm tendência a diminuir à medida que as crianças crescem, ainda que para alguns autores o período da adolescência seja ainda muito significativo nesta questão, porque aparentemente eles diminuem mas, eventualmente as crianças vão crescendo e são capazes de esconder as suas emoções.

Para os pais este é um período de preocupação, pois sentem que não reunem as estratégias necessárias para ajudar os filhos a lidarem com os medos. Eventualmente, alguns pais até se recordam que quando eram miúdos também passaram por situações semelhantes mas, na altura não tiveram por parte dos pais respostas adequadas e que os ajudaram a ultrapassar esta fase:

• Ajude o seu filho desde muito pequenino a enfrentar estes medos, esteja com ele, não o deixe sozinho neste combate ao medo.

• Transmita-lhe confiança, carinho e segurança e que estará sempre por perto quando ele precisar.

• Escute-o, os seus receios, a sua opinião, as suas emoções e depois tranquilize-o, dizendo-lhe que está com ele e que o vai ajudar a combater esses medos. Podem até elaborar um plano os dois de combate.

• Juntamente com ele vá fazendo pequeninas aproximações ao medo, acompanhando sempre o filho e elogie todos os passos que conseguir realizar, reforçando a sua confiança.

• Pode também, depois de algumas aproximações à situação temida, brincar com o seu filho, criando situações em que ele juntamente com a mãe têm de enfrentar o medo.

• Não faça juízos de valor nem comparações com os irmãos, primos ou amigos sobre este assunto, respeite a intimidade do seu filho, este é um assunto que só diz respeito a ele e a si.

O medo só vai diminuir se conseguir ajudar os seus filhos a enfrentar a situação pouco a pouco, contudo se a situação persistir pode tornar-se numa fobia e nesse caso deve recorrer a um psicólogo.

Dê respostas que facilitem o seu filho a viver os medos de uma forma mais positiva, gerindo melhor as suas emoções.

Afinal de contas, qual é o pai que nunca teve medo?