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Marisa Gamboa

Marisa Gamboa

E depois das férias? E quando passar a cor das férias? A cor da dieta? E se arriscarmos num diário de bordo?

Podemos atuar sobre a ingestão alimentar. Mesmo aquela que parece gerada pelas emoções. Para tal, necessitamos de perceber os reais motivos da ingestão: terão que ver com uma resposta energética que o organismo grita (e.g. fome, sede…) ou com uma alteração emocional que me provoca e impulsiona a vontade de comer?

Diário de bordo – Primeira estratégia

1. Vou pedir-lhe que anote sempre tudo quanto ingere (não se sinta constrangido, é mesmo importante que tenha noção de tudo aquilo que ingere, assim sendo, não coloque limites). Anote também as horas das refeições, as horas dos snacks, a quantidade, o ritmo com que ingeriu, o grau de fome que precedeu a ingestão, por exemplo, elabore a sua própria escala – 0 a 10.

2. Aponte agora as emoções vividas a cada momento: tristeza, alegria, medo, zanga. Uma curiosidade: tendencialmente as mulheres revelam em consulta necessidade de comer quando estão tristes e necessidade de comer quando querem festejar, basicamente há sempre motivo. Compreendo que muitas vezes seja difícil identificar quais as motivações emocionais (“sensação de um caos vazio… talvez tenha interpretado como uma necessidade de comer”). Nem sempre será fácil, estar no local de trabalho e pensar sobre as emoções, estar junto de amigos e decifrar o que está a sentir, estar com os seus filhos e dar nome ao que a habita. Ainda assim, a observação de si treina-se pelo que à medida que se tornar uma investigadora de si mesmo (ao invés de juíza) o exercício de identificar o que pensa, sente e experiencia no corpo torna-se mais fácil.

3. E o que esteve na origem de cada uma dessas emoções? E quais as suas funções? As mais evidentes e aquelas que se encontram nas entrelinhas. Para cada emoção deverá procurar uma resposta específica.

4. Crie uma lista de atividades que sejam prazerosas e que possam ser estratégias de mudança de foco de atenção em momentos de maior tensão ou dificuldade de gestão de uma emoção (ouvir música, passear, ler, telefonar a alguém, ir ao cinema..).

DICAS:

Evite os planos alimentares restritivos! Os estudos indicam que a restrição alimentar provoca frustrações e, a médio prazo, uma percepção errada da sensação de fome.

Perante uma redução da taxa de açúcar no nosso organismo, surge a sensação de fome, aperto na garganta, buraco no estômago, fadiga, tonturas. Contudo, é provável que sintamos vontade de comer quando necessitamos de um mimo, de um escape ou de uma pausa, que substituimos de forma rápida por qualquer coisa de apetecível, um chocolate, um salgado. Por momentos podemos sentir uma sensação de prazer, mas que rapidamente origina sensação de  fome.

As primeiras mastigações são as que estão associadas a maior gozo e intensidade depois disto os mesmos vão diminuído. Se tem um desejo tente saborear. Atente ao momento.

Se se aperceber com que tipo de fome está em contacto óptimo, se chegar à conclusão que o caminho até à cozinha se deve a fome emocional, recorra à lista criada anteriormente com as actividades mais prazerosas. Distraia-se distraindo-se!

Próximo capítulo “os quilos da depressão”.

Marisa Gamboa – Psicóloga Clínica