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Autor: Francisco Gonçalves Ferreira

A terapia familiar vem demonstrando há largos anos que o cansaço e a frustração parentais que tendem a inundar os momentos de união familiar ao final do dia, após o trabalho, a escola (e tantas outras atividades que as famílias de hoje têm de realizar até chegar a casa) podem ser significativamente reduzidos com rituais que permitam a valorização de todos os elementos da família. Nesse sentido, deixamos uma sugestão para melhorar o ambiente em casa, sobretudo se tem filhos pequenos ou adolescentes.

A necessidade de regras associada à gestão doméstica, aos trabalhos de casa e até mesmo à promoção de uma autoridade sã e democrática por parte dos pais tem alertado ultimamente com alguma insistência para a importância do uso do “não” como elemento estruturador de limites e contentor de emoções. Este é um trabalho fundamental mas que deve ser complementado com ações que visem um saudável uso também do “sim”, neste caso a capacidade de valorizar e validar os comportamentos dos elementos da família. Para tal pode recorrer a uma técnica que utilizamos em terapia familiar. Reúna uns quantos pedaços de cartão ou cartolina, de preferência de uma cor que agrade a todos. Em cada pedaço escreva uma valorização para cada elemento da família. Por exemplo, para o filho A um cartão com a frase “Parabéns por hoje teres conseguido ajudar a mana enquanto a mãe preparava o jantar”; para o filho B um cartão com “Parabéns por teres conseguido pedir ajuda ao papá quando estavas a sentir-te triste”; para o filho C outro com a frase “Obrigado pelo teu sorriso tão alegre quando cheguei a casa”; para o companheiro/a um cartão com “Obrigado por me teres perguntado como correu o dia”, ou “Obrigada por teres respeitado o meu silêncio”. Em reunião familiar, logo a seguir ao jantar, deve ler em voz alta o que escreveu, entregando o pequeno “prémio” a cada elemento.

Este momento deve repetir-se todos os dias úteis da semana, como se se passasse a tratar de mais um ritual doméstico indispensável ao bom funcionamento do lar. À medida que se for instalando o ritual é provável que vá aumentando a motivação pela execução dos comportamentos valorizados nos cartões. É também provável que vá crescendo a colaboração entre todos para que as tarefas do jantar, por exemplo, fiquem despachadas mais depressa e se possa passar ao momento do prémio! Mas é acima de tudo provável que saia de cima dos seus ombros grande parte da sensação pesada de estar a ser um “mau pai” ou uma “má mãe” ou sem tempo para os filhos, chato/a, rabugento/a, agressivo/a ou desligado/a. Pode até acontecer que lhe venha a chamar “tempo de qualidade”.