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Autor: Fabiana Andrade

O nosso corpo está constantemente a interagir com as nossas emoções e a dar sinais disso. O problema é quando não queremos dar sinal e o corpo age por conta própria!

Madalena, de cada vez que ia para dar aulas aos seus alunos na universidade, sentia o rosto a ficar muito quente e já sabia que estava a corar. Mesmo depois de se acalmar, se alguém lhe colocasse uma questão mais desafiante, lá estava a manifestação do seu desconforto estampada na cara para todos verem! O pior era o que acontecia a seguir, de cada vez que se sentia a corar começava a pensar nisso, que estava a fazer uma figura triste, a pensar no que os outros estariam a pensar, e estes pensamentos críticos e antecipatórios acabavam por causar ainda mais atividade no corpo, aumentando o rubor.

João, diretor de marketing numa grande empresa, de cada vez que tinha de fazer uma apresentação (e eram muitas!) lá surgia a ansiedade e o corpo dava sinais. Começava a transpirar, primeiro nas mãos, depois no rosto. De seguida começava a pensar nisso, em como era nojento, em como aquilo fazia com que ele parecesse fraco, etc., etc. E, é claro, mal pensava nisso mais transpirava.

Estes são dois exemplos de como o corpo reage não só às emoções como também aos pensamentos que fabricamos. Poderemos ter um papel ativo no nosso conforto? Sim!

Através do mindfulness (se não sabe do que se trata, espreite este artigo) poderemos observar, aceitar reações normais do nosso corpo e aprender a não causar a ampliação de sensações de desconforto.

Vou exemplificar o treino realizado pela Madalena e pelo João para que possa perceber melhor o papel do mindfulness nestas situações. Tanto a Madalena como o João começaram por fazer um registo de cada vez que se sentiam a corar ou a transpirar, e notavam tudo o que se passava no corpo, nas emoções e no pensamento. Notaram que na maioria das vezes existiam pensamentos antecipatórios negativos na origem das sensações físicas, como por exemplo “e se corre mal”, ou então imagens de situações anteriores semelhantes, onde se tinham sentido mal. Estes pensamentos aumentavam a ansiedade e pioravam as sensações físicas. Assim, de cada vez que notavam estes pensamentos, respiravam profundamente e traziam a mente para a observação do momento presente, sem crítica, como por exemplo: “estou no carro a ir para a faculdade, o meu corpo está quente, as minhas mãos tocam o volante”, ou “estou a preparar-me para a apresentação e noto que o meu pensamento dá-me informações negativas que não são reais, noto que o meu corpo está tenso e por isso respiro, noto o meu corpo a ficar mais relaxado…”. De seguida, verificaram que a ansiedade diminuía de forma considerável e por isso as manifestações físicas também. Veio então o trabalho de aceitação. “Eu aceito que esteja a corar ou a transpirar”, “eu não penso mal de mim por isso”.

O incrível foi quando o João começou a apresentação para a empresa toda com a seguinte frase “Olá, eu não gosto de fazer apresentações, fico ansioso e por isso transpiro, se isso acontecer hoje não se preocupem. Aquilo que tenho para vos dizer é muito mais interessante!”. Conseguiu provocar risos da plateia e sentiu-se forte. E foi o dia em que menos transpirou!

A observação dos nossos fenómenos e a aceitação dos mesmos que o mindfulness permite ajuda-nos a estarmos mais preparados para lidar com eles sem sermos seus reféns.

Esteja mais presente e mais feliz!

E se precisar de ajuda, já sabe, estamos cá para isso.