Tempo de Leitura: 2 min

Treino do bacioA maioria das crianças começa a controlar os esfíncteres até aos dois anos de idade, um comportamento que se estabiliza entre o segundo e o quarto ano de vida e que acompanha grandes mudanças físicas, cognitivas e sócio-afectivas na criança. Esta é uma tarefa de desenvolvimento importante no pré-escolar – a par de outras tarefas de autonomização e interiorização de regras e rotinas de higiene – e que envolve toda a família.

É a fase do treino do bacio, dos teatros, dos aplausos, do “dizer adeus ao chichi” e das recompensas pelo controlo adequado dos esfíncteres. É este controlo que permitirá a conquista de uma maior autonomia por parte da criança, uma maior liberdade para os pais, bem como a dispensa do gasto adicional com fraldas.

Fisicamente, o controlo dos esfíncteres exige exercício muscular e da vontade. Muito treino e paciência. Primeiro virá a sensação conhecida quando é eminente a saída de líquidos ou de sólidos. A criança “avisa tarde” porque se apercebe tarde. Depois chega o aviso no limite… o tempo exacto para chegar ao bacio a correr! Posteriormente, o anúncio com tempo, e logo o “aguentar” em situações de emergência. Por fim, a sonhada independência, para as crianças e para os pais.

Nem sempre este controlo por parte da criança acontece facilmente. É necessário estar preparado para o facto de algumas crianças, após o controlo precário dos esfíncteres, perderem o mesmo como resposta a um desequilíbrio emocional, ou por outros motivos, existindo muitas vezes um padrão familiar que se repete. Este retrocesso no desenvolvimento tem custos para a auto-estima da criança, pesa nas relações familiares, gerando ansiedade e, não raras vezes, sintomatologia depressiva na família; assume os nomes de enurese e encoprese, que exigem acompanhamento e um novo processo de treino da criança.

É um erro comparar as crianças com outras conhecidas, e tão pouco favorece confrontar a evolução com os irmãos. Cada bebé/criança é único. A comparação entre irmãos ou com outras crianças, interpretando que um controlo mais precoce indica mais inteligência, melhor saúde ou mais disciplina familiar é um erro comum que pode perturbar as relações familiares. Às vezes, esta frustração recai sobre a criança que, sem entender porquê, sente que está a desiludir os pais, se sente diminuída ou menos competente, e se torna socialmente isolada por vergonha pessoal, medo de represálias ou de ser humilhada pelos pares. A resposta será acompanhar sempre e procurar ajuda especializada diferenciada se e quando necessário.