Um cuidado maior: cuidar até à exaustão

Tempo de Leitura: 4 min

Um cuidado maior: cuidar até à exaustãoSão pais, filhos, irmãos, netos, avós, dedicados, leais e abnegados. Interrompem sonhos e suspendem uma vida para um cuidado maior. Cuidam muitas vezes até à exaustão.

O cuidador é, quantas vezes, a esposa de um doente de AVC, o filho de um pai com Alzheimer, o companheiro de um portador de SIDA, o pai de uma criança com uma perturbação de desenvolvimento, a neta de uma avó com demência, a mulher de um homem com uma doença neurodegenerativa …. A lista de possibilidades é tão extensa que. todos conhecemos de mais perto ou de mais longe, alguém que se encontra numa destas situações.

De uma mãe de um jovem de 14 anos, que adoeceu há 13 anos, CUIDADORA,  tivemos esta generosa partilha. (sic) “A pessoa que assume o papel de cuidador informal coloca SEMPRE o outro – a pessoa de quem cuida – em primeiro lugar. Tudo gira em torno dessa pessoa e das necessidades que essa pessoa tem.  Só depois vêm as nossas próprias necessidades (quando e se houver tempo e lugar para elas… muitas vezes não há, “apenas” porque o cuidador não tem que o substitua nas tarefas)”.

O Burnout não se limita a atingir os prestadores de cuidados profissionais. Pode atingir qualquer pessoa que preste cuidados extensivos a outra pessoa. O Stress surge da interacção entre o cuidador e o doente e é mais provável que aconteça quando quem precisa de cuidados sofre de uma condição de saúde crónica e debilitante e é cuidada em casa.

Apesar de ser um cuidador voluntário, a sua relação com o doente é mais intensa e complexa e o risco de Burnout é também uma presença forte e constante. Estão sujeitos  a uma sobrecarga emocional, demasiado lhes é pedido e muito menos lhes é devolvido. Cuidam até à exaustão emocional  que os deixa muitas vezes com falta de energia para enfrentar mais um dia.

A falta de apoios e o excesso de trabalho, a frustação de uma actividade que nunca tem fim, que nunca está concluída, vai roubando energia, desmotivando, desmoralizando, levando a um desgaste que os faz sentir sem forças para enfrentar o próximo dia e com a Culpa de não o conseguir.

Um cuidado maior: cuidar até à exaustão

Quando a exaustão emocional (a resposta individual ao stress constante) se instala, o cuidador sente que já não é capaz de cumprir com as suas obrigações, de se entregar e dedicar ao outro. Não é que não queira ajudar, cuidar mas,  simplesmente não consegue. É como se estivesse ”extenuado de compaixão”. Distanciar-se e reduzir o seu envolvimento com o outro parece ser muitas vezes a única alternativa para um tão grande peso emocional. Procurando proteger-se pode passar a um maior distanciamento emocional, a atitudes de frieza e indiferença, a despersonalização (a resposta negativa ao outro e ao trabalho) que é outra das dimensões do síndrome de Burnout.

Da exaustão emocional, à despersonalização, e à avaliação negativa de todo o apoio que presta, de todo o cuidado e trabalho que tem vindo a desenvolver com o seu familiar ou amigo, é um percurso rápido que provoca um sentimento de Ineficácia e de reduzida auto-valorização,  também uma dimensão do síndrome de Burnout.

A tensão emocional deste cuidado tão extensivo tem sido subestimado ou muitas vezes pouco reconhecido, até pelos próprios. Estes cuidadores informais sentem-se responsáveis pelo estado de Burnout a que chegaram e se encontram em vez de colocar a atenção na situação em que se encontram, e que é que está a causar o Burnout. Há um papel e uma responsabilidade individual, no entanto compreendemos melhor o estado a que se chega pelas condições em que é vivido e pelo stress da relação interpessoal. O Burnout não é causado por “más pessoas” mas por “más situações”.

Se é cuidador informal… cuide si! Desenvolva as suas tarefas com mais sabedoria em vez de as desenvolver com mais intensidade.

. Faça pequenas pausas e carregue baterias;

. Defina objetivos realistas, pequenos e concretizáveis;

. Faça as mesmas coisas de forma diferente, modique algumas rotinas, algumas tarefas podem ser feitas de forma diferente;

. Não leve as coisas tão a peito, está a fazer o seu melhor, liberte-se da culpa;

. Repare no positivo, tome atenção às pequenas vitórias, realizações, satisfações;

. Conheça-se a si próprio, identifique as suas necessidades, repare quando precisa de as satisfazer;

. Descanse e relaxe, caminhe ao sol ou visualize e deixe-se entrar no seu lugar seguro.

Cuide de si que melhor cuida dos outros.

Previna O BURNOUT! Use soluções antes que surja o problema.

Cristina Sousa Ferreira
Cristina Sousa FerreiraPsicóloga Clínica

Marque consulta comigo

    Pretendo: (obrigatório)
    Marcação de ConsultaInformações ou Reunião



    Ao usar este formulário, concorda com o armazenamento e o gerenciamento dos seus dados por este site.

    2018-05-19T10:00:28+01:0019 de Maio, 2018|
    Go to Top