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Autor: Inês Mota

Todos gostamos e precisamos de nos sentir aceites e valorizados, sobretudo nas nossas relações íntimas.

Inadvertidamente, e com alguma facilidade, podemos incorrer nas nossas relações conjugais em experiências de invalidação, quando damos a entender ao nosso parceiro que ele ou a sua experiência não fazem sentido ou que não são compreensíveis, o que pode ter um impacto poderoso no outro e na relação.

Assim, para validar o outro, quando este nos mostra ou comunica a sua experiência, precisamos de nos aproximar dela com disponibilidade para conseguir ver o seu sentido, muito na lógica do “como faz sentido para o outro”. Desta forma, conseguimos validar a experiência do outro quando em resposta a uma acção conseguimos comunicar-lhe que o aceitamos e respeitamos, independentemente de concordarmos com aquilo que nos comunica, mostrando-lhe que ele tem valor para nós.

Neste sentido, vamos focar-nos em formas específicas de invalidação e convidá-lo a reflectir na sua relação e na presença/ausência destes tipos de interacções.

Uma das formas de invalidação corresponde a ignorar. Ignoramos a experiência do outro quando não ouvimos realmente o que nos está a dizer ou não conseguimos reconhecer o valor do que está a experienciar e a comunicar. Por exemplo: estando ambos a decidir o que fazer num sábado à tarde, o seu parceiro diz “estou cansado”, se lhe responder “então vamos sair e comer um gelado” pode estar a ignorar a sua mensagem. É importante perceber a intenção da comunicação, pois o seu parceiro poderá estar a dizer que, por estar cansado, não lhe apetece sair.

Outra forma de invalidarmos o outro é pela crítica, ao depreciarmos a experiência do outro, acções ou a sua identidade, mostrando falta de aceitação. Tanto a forma como o conteúdo na nossa comunicação podem ser críticos ou desvalorizadores. Exemplos de crítica podem ser a forma como olhamos, como pomos a mão na cara, os suspiramos, ou mesmo o conteúdo: “isso não faz sentido” ou “não sabes do que estás a falar”. É muito difícil o outro querer continuar a mostrar-se a nós perante atitudes deste tipo.

Também invalidamos sempre que nos colocamos na posição de dominante, desqualificando a experiência do outro. Nesta situação tendemos a assumir uma atitude impositiva e paternalista e tendemos a fornecer explicações sobre a experiência do outro, procurando definir a sua realidade de forma negativa ou controladora, de que são exemplos frases como “não tens razão para estar a chorar” ou “essa atitude é uma parvoíce”.

É importante atendermos à frequência destes tipos de comunicação, e se a nossa interacção em casal predomina ou é pautada por comentários invalidantes, já que este tipo de comunicação conduz à vivência amargurada de relações sob o fogo cruzado de discussões ou por ressentimentos silenciados. De facto, ninguém quer continuar a dar a conhecer-se ou a mostrar as suas vulnerabilidades num clima de invalidação. Quanto mais agirmos assim, mais certo será que teremos o nosso parceiro longe de nós. Fica o convite para se acercar e procurar compreender o sentido da experiência do seu parceiro, usando a validação.