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Para alguns, esta ideia de que os animais possam ser terapêuticos pode parece muito simplista, no entanto, é precisamente na simplicidade que reside o poder terapêutico da ligação entre humanos e os seus animais de estimação.

A interacção com um animal de estimação é descomplicada, e para quem está a passar por um mau momento é óptimo poder contar com uma relação assim, sem as expectativas e julgamentos inerentes às demonstrações de afecto entre humanos. Da relação com um animal de estimação recebe-se intimidade, um público que não julga, que está sempre contente por nos ver e raramente se incomoda com o toque.

Numa entrevista, um militar norte-americano que serviu no Afeganistão e desenvolveu Perturbação de Stress Pós-traumático, revelou que cuidar da sua cadela fazia-o sentir ter controlo sobre alguma coisa e que ela o ouvia, sendo que era o único ser com quem conseguia expressar tudo o que sentia, pois não o conseguia fazer com pessoas próximas, receando que fosse um fardo demasiado pesado para elas terem que lidar. Até porque é um erro comum em situações de crise as pessoas próximas sentirem-se obrigadas a dar algum tipo de resposta ou conselho, quando na verdade, os que estão a sofrer muitas vezes só precisam de se expressar. É também um erro comum começar a tratar a pessoa doente de forma diferente, como se ela tivesse mudado de personalidade, o que é uma dor acrescida para a pessoa que sofre. Os animais continuam a interagir da mesma forma.

Um estudo levado a cabo por um investigador da Miami University, em Ohio, EUA, mostrou que os donos de animais de estimação apresentavam maior auto-estima, tinham melhor preparação física, tendiam a ser menos solitários, eram mais extrovertidos, tendiam a ser menos temerosos e menos preocupados do que os indivíduos que não tinham animais de estimação. Não é muito difícil percebermos os resultados deste estudo se pensarmos que quando se sai à rua com um animal há maior tendência para interagir com as pessoas (3 vezes mais), combatendo as consequências nefastas da solidão. Além disso a interacção com os animais faz com que a pessoa tenha que se mexer, mas sem a habitual rigidez da pessoa que disciplina. E quando fazemos festas a um animal o ritmo cardíaco baixa, a pressão arterial também e substâncias envolvidas no humor como a feniletilamina (ingrediente activo no chocolate), dopamina, beta-endorfinas, prolactina e oxitocina são lançadas na corrente sanguínea. Estas substâncias estimulam sensações de exaltação, segurança, tranquilidade, felicidade, satisfação, afecto e até amor. São as mesmas substâncias libertadas quando uma mãe cuida do filho. A interacção com animais aumenta também os níveis de imunoglobolina A, um anticorpo que reforça o sistema imunitário protegendo da invasão de vírus e bactérias através das mucosas.

Cuidar de um animal de estimação faz ainda com que a pessoa se foque em qualquer coisa fora de si própria mantendo-a no momento, no aqui e no agora, distraindo-a de pensamentos ou sentimentos negativos.