O que vos traz cá?
Numa primeira consulta com pais, normalmente, é explorado o motivo pelo qual solicitaram ajuda profissional. Muitas vezes, os pedidos prendem-se com alguma necessidade de mudança que os pais sentem relativamente a comportamentos dos filhos. Serão, ainda assim, todos os comportamentos que os pais consideram desajustados enquadrados em manifestações de psicopatologia? Nem sempre.
A forma como, por vezes, o comportamento dos filhos é relatado ao psicólogo, através do olhar de pais ansiosos ou com uma dinâmica relacional disfuncional, pode levar a tecer hipóteses clínicas do foro psicopatológico. Felizmente, com uma avaliação mais aprofundada, algumas situações vêm a revelar-se de menor gravidade do ponto de vista clínico, o que não o invalida o desconforto relatado pelos intervenientes no processo. A forma como os pais olha para os filhos, decorre das suas perceções, das dinâmicas relacionais e das expectativas que sobre eles colocam. Para além disso, as expetativas dos pais e a forma como estas influenciam o relacionamento com os filhos podem elas mesmas constituir fatores de manutenção de diversas problemáticas.
As perceções que os pais têm dos filhos, aquilo que projetam para eles e esperam deles, e a medida em que consideram que os filhos se afastam ou aproximam dessas expetativas são, desta forma, fatores de grande importância a ter em conta nas intervenções clínicas. Sublinha-se aqui, por este motivo, a importância do trabalho colaborativo com os pais no decorrer dos processos psicoterapêuticos com crianças e adolescentes. Este trabalho colaborativo, que não invalida o pressuposto da confidencialidade, permite ajudar os pais a filtrar o que é a sua perspetiva daquilo que é, ou não, normativo para uma criança, assim como melhorar a comunicação entre os pais e os filhos, clarificando intenções e necessidades de uns e de outros. Assim, constroem-se novos caminhos onde o papel de todos é essencial.
Sabia que o seu papel pode ser determinante no sucesso do processo psicoterapêutico do seu filho?
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