Segundo uma nova investigação desenvolvida pela Universidade de Helsinki, ter um peso dito ideal não ajuda a perder peso. A maioria das jovens mulheres e cerca de metade dos homens em torno dos 24 anos gostariam de pesar menos do que aquilo que pesam. Uma década mais tarde, apenas uma em cada cinco mulheres e um em cada sete homem encontra-se no peso ou abaixo do que havia definido previamente como ideal.
As pessoas tendem a definir pesos ideais pouco realistas, mas essas metas, ao invés de se revelarem motivadoras, têm um impacto contrário, não os ajudando a perder a peso a longo termo. Sobretudo entre as mulheres em particular, é frequente o peso considerado ideal situar-se significativamente abaixo de um peso saudável, onde a saúde e as influências culturais entram muitas vezes em conflito.
Este estudo integra a extensiva investigação FinnTwinn, que envolveu mais de 4900 jovens mulheres e homens. Os participantes responderam a questões acerca do seu peso corporal presente e considerado ideal no futuro aos 24 anos e dez anos mais tarde, aos 34 anos, voltaram a responder às mesmas questões. A maioria dos inquiridos estava insatisfeita com o seu peso aos 24 anos. Os homens tenderam a eleger pesos ideais mais próximos da realidade do que as mulheres. As participantes do sexo feminino que disseram estar satisfeitas com o seu peso tinham Índices de Massa Corporal a rondar o 19, isto é, claramente com um baixo peso para a sua estrutura. Dos inquiridos com um peso saudável para a sua constituição e idade, apenas 13% das mulheres e 20% dos homens disse estar contente com esse peso.
Dez anos mais tarde, os pesos apontados como ideais aproximaram-se mais do seu peso real. Independentemente do peso indicado como ideal aos 24 anos, quase todos os participantes ganharam peso nos dez anos seguintes. As mulheres ganharam uma media de 4,8 Kg e os homens 6,3 Kg.
Investigações anteriores tinham indicado que insatisfação com o peso corporal tende a aumentar a frequência de comportamentos de restrição alimentar, o que aumenta a probabilidade da pessoa ganhar peso a longo prazo. Para evitar este ciclo vicioso, é importante promover uma auto-percepção da imagem corporal mais positiva e flexibilizar os padrões de um corpo bonito, aproximando-o de um corpo real. Para além dos ciclos de restrição alimentar, uma auto-imagem corporal negativa tende a surgir associada a problemáticas depressivas, baixa auto-estima, fraca satisfação com a vida e distúrbios do comportamento alimentar.
Autora: Filipa Jardim Silva