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Autor: Lúcia Bragança Paulino

Diversos estudos insistem em analisar apenas o envolvimento materno no que diz respeito à relação do pai com o seu filho por nascer e posteriormente com o bebé, remetendo para o pai um papel secundário. No entanto, também os pais vivem esta relação com muita intensidade tal como toda a vivência da gravidez da mulher e o nascimento do filho.

A evolução do papel do pai no séc. XX tem sofrido grandes alterações, passando a estar cada vez mais presente e motivado em participar em todo o processo que envolve o período gestacional, pós-parto e desenvolvimento da criança.

Só nos últimos anos se destacou a importância da figura paterna desde o momento da conceção. O facto de a gravidez ter sido desejada e planeada repercute-se na vida emocional do feto e no seu consequente desenvolvimento. Os estudos sobre este tema em geral começam a valorizar a importância da participação intensa do pai no desenvolvimento do seu filho, desde a sua conceção, e muitos enfatizam a necessidade da sua presença física. A importância do pai, não é só como apoio emocional da mãe (através de uma boa relação entre ambos), mas também na medida em que se torna e é vivenciado como objeto de identificação.

Em muitos homens a gravidez suscita sentimentos de rivalidade e competição. É provável que a grávida não só lhe retire alguma energia e atenção, como também se torne o centro de todas as atenções. Toda a gente se preocupa mais com a saúde e os sentimentos da mãe, desvalorizando um pouco o processo natural pelo qual o pai também passa.

O processo de transição para a paternidade descreve um período durante o qual, um homem sem filhos interioriza, pouco a pouco, a primeira gestação da mulher e o desenvolvimento fetal do seu primeiro filho. Este período de preparação durante a gravidez, mais evidente no 3º trimestre, é um período de aprendizagem e adaptação para uma nova fase de desempenho do papel de pai. Durante a gravidez, também ele deve participar do imaginário e poderá concretizá-lo ouvindo o bater do coração do seu filho, ou vendo-o na ecografia e poderá ainda senti-lo na palpação dos seus movimentos.

O aleitamento e consequente tempo que a mãe despende nos cuidados com o recém-nascido criaram um estereótipo de maternalismo, de que só a mãe trata do filho. Cai assim geralmente uma responsabilidade acrescida por parte da mãe, deixando de lado a disponibilidade psicológica de um pai para tratar do seu filho. Se em tempos os homens preferiam não fazer parte deste processo de relação com o recém-nascido, quer física, quer emocionalmente, hoje em dia o homem mostra-se decidido a partilhar o mais possível a experiência da gravidez, do nascimento e do cuidar das necessidades básicas do bebé.

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