[fancy_heading title=”” h1=”0″ icon=”icon-lamp” slogan=”” style=”icon” animate=””]Ou, o quinanço cíclico[/fancy_heading]
Nós sabemos. Mas temos dois saberes – o racional, do 1+1=2, e o emocional difuso, que sabe sem saber que sabe, porque se soubesse, muitas vezes, reconheceria o disparate.
E então lá vamos passeio fora, tac-tac, salto no empedrado e, catrapumba, “mas o ressalto estava aí?”. Espantados de ter caído, imaginando quedas futuras. “Ai a dor no joelho, e se isto não passa nunca, agora vou andar a coxear o resto da vida”? E lá passa, uma semana, duas, e voltamos ao nosso passeio, esquecendo a queda ou ficando medrosos que a calçada portuguesa não é de se fiar, sobretudo para senhoras que se aprumam em saltos improváveis.
Sabemos que uma vida sem passar por baixos, períodos de mal-estar, angústia, ansiedade, perda, dor é uma quimera. Pura e simplesmente não é possível. Sabemos, por experiência sofrida, que vem um mal, depois abre o sol. Sabemos que, mais cedo ou mais tarde, lá se juntam as nuvens novamente e chove que Deus manda.
E, no entanto,… De cada vez que andamos de mal com a vida, achamos que alguém apagou as luzes, e que o futuro não mora na esquina do próximo segundo; que a dor é eterna, que recaímos em queda livre, e lá no fundo o inferno.
Lembre-se que a lágrima é o outro lado do sorriso e que viver obriga a ambos. Nos momentos em que tropeça e cai, bastará encontrar um momento para perceber o chão debaixo de si, respirar, levantar-se e lembrar a si próprio que o coxear é temporário. Malfadado coxear. Felizmente temporário, que o sol já espreita ali à frente.