Ouve-se frequentemente falar de abuso na infância, mas muitas vezes não o associamos ao mau trato psicológico. Uma forma de abuso que deixa marcas que tendem a ser “invísiveis” do ponto de vista físico, mas cujas marcas são bem visíveis “dentro” de quem dele sofre. Ocorre quando há ausência ou inadequação do reconhecimento das necessidades emocionais do outro e de apoio emocional. Pode manifestar-se através da indiferença ou discriminação, do insulto, da crítica constante, ridicularização ou desvalorização, pelo abandono ou ameaça, entre outros…
O abuso psicológico pode ter impacto no desenvolvimento físico, cognitivo, social e emocional da criança, prolongando-se as marcas na idade adulta. Os seus danos parecem ser tanto maiores quanto maior a proximidade do abusador. Os sinais da sua existência, bem como o seu impacto, podem ser diferentes consoante a idade da criança. Podem ocorrer alterações no apetite, nos padrões de sono, dores sem causa médica, alterações na fala ou no controlo dos esfíncteres (voltando por exemplo a criança a usar fralda). Este tipo de mau trato poderá implicar dificuldades no desenvolvimento da linguagem, na memória, na capacidade de atenção e concentração e disponibilidade para as aprendizagens. Do ponto de vista emocional e social, podem surgir sentimentos de culpabilização e inferioridade, baixa auto-estima, medos, ansiedade, oscilações de humor e dificuldade na regulação das emoções, apatia, dificuldade no estabelecimento de relações ou em manter a confiança nas relações existentes.
Como factores de risco para os maus tratos identificam-se para além de características individuais da criança e dos pais, características do contexto familiar.
Se o mau trato se previne? Sim. De uma forma primária e alargada, previne-se quando cada adulto procura estabelecer, e promove o estabelecimento, de relações interpessoais positivas, baseadas no respeito e nas necessidades do outro. Além disso, previne-se quando cada adulto procura encontrar estratégias de gestão de stress e de regulação das suas emoções.
Trata-me bem…