Autor: Mariana Oliveira
Para mim já chega com essa discriminação contra os gatos. Não, não é só pela minha paixão pelos bichanos, mas é que se formos analisar de perto essa história do melhor amigo do homem ser o cachorro, veremos o quanto de egoísmo há nessa afirmação.
Em primeiro lugar, em argumento e obviedade, é uma discriminação contra todos os outros bichinhos que se submetem (por livre e espontânea vontade, ou não) a receberem os carinhos de seus donos e que também possuem qualidades. Fazendo o paralelo que desejo, o que seria do verde se não fosse o amarelo? Ou melhor, cada animal (incluso homem) possui um adjetivo e é essa diversidade que nos abre um leque de opções.
Mas o ponto que pretendo chegar, o alvo que me atraiu às palavras vai muito além. Vai ao extremo do que essa frase pode significar numa sociedade como a nossa. Irei começar mais longe, mirando, até alcançar o que quero. O que venho constatando cotidianamente é uma falta de um certo egoísmo “saudável”. Seria, por melhor dizer, uma preocupação com a pessoa em si, com seus gostos reais, com suas vontades reais, com seus reais interesses que muitas vezes são deixados de lado para haver um ganho secundário, questionável quanto à sua verdadeira valia: o olhar do outro. Claro que cabe ressalvas ao que digo. É importante sim, às vezes, agirmos para agradar o outro, principalmente se o outro for alguém de quem gostamos. O ponto aqui é para quando se perde a noção do limite e a entrega deixa de ser uma doação para uma obrigação, e aí o chamado “outro” aproveita-se e escraviza pelo apelo ao sentimento. Claro existem também, e muitos, a contraponto dos que vou chamar de cachorros (logo entenderão) que não são egoístas, muito menos saudáveis: são os individualistas. Estes são os que se aproveitam dos cachorros e devem ser estes aqueles os primeiros a rotularem os gatos de individualistas e oportunistas. Esta é a parte em que deflagro a minha defesa dos gatinhos. O gatos incomodam muito. Eles jogam na cara de muita gente o que seria uma vida coerente aos próprios propósitos e ao mundo. Chegam como querem, quando querem e se assim o fazem, trazem consigo todo o afeto. Quando insatisfeito, vão embora. Quer brincar? Brinca. Se não quer, brinca sozinho. Me ofereceu comida, -oba!- não ofereceu, vai procurar. Não passa fome jamais! É difícil lidar com um gato! É difícil lidar com a independência do outro. Assim nos amarramos pelo afeto vida afora. E assim que o cachorro se torna o melhor amigo, aquele que ama incondicionalmente: você bate nele e ele volta abanando o rabo, deixa ele sem comer e ele te agradece quando recebe, fica feliz ao te ver e esquece a tristeza de dias de distanciamento.
Para mim, seria preciso que cada um criasse um gato quando criança. Precisamos aprender com eles a saber lidar e respeitar a distância sem se manter inerte e sem achar que é desapego, saber ficar alegre com a volta do outro e bem como encher de alegria, se fazer presente com a volta, saber dar carinho na medida certa, se respeitar, não se deixar invadir pela expectativa do outro. O gato nos joga na cara tudo que na verdade gostaríamos de ser. Afinal, com todas as qualidades, por que será que ninguém quer ter uma “vida de cão”?
Excelente artigo, acabou prendendo minha atenção do começo ao fim. Tem uma pesquisa bem interessante feita pelo Journal of Veterinary behaviour, que mostra que o felino é o mais amável entre todos os animais . E pra surpresa de muitos, entre todas as raças contempladas, chegaram a conclusão que a raça mais dócil e amigável é a Sphynx, que vem a quebrar aquela velha sensação que quanto mais “peludo”, mais dócil é o bichano. Para quem não sabe o Sphynx é a raça de gatos que não possui pêlos. Interessante, não?
A pesquisa analisou ao todo 129 gatos, de 14 raças distintas, e constatou que o Sphynx é o mais carinhoso entre eles. E o que é mais bacana: um dos motivos seria o fato dos criadores deixarem os animais mais tempo com seus filhotes, o que ajudaria no desenvolvimento de afinidades entre os bichos e os humanos (essa eu curti e daria um bom artigo, não?).
Como dizia Ernest Hemingway: “Um gato tem honestidade emocional absoluta: os seres humanos, por uma razão ou outra, pode esconder os seus sentimentos, mas o gato não”.
Abraços e espero ansioso por mais textos como esse.
Leia mais: http://www.mensagenscomamor.com/frases/frases_de_gatos.htm#ixzz3dv4KePTw