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Natália Antunes

Natália Antunes

Viver sozinho pode ou não ser opção!

Numa altura em que as situações de desemprego continuam a aumentar, as pessoas deslocam-se para muitos locais longe do seu contexto natural, o que as desenraíza e que pode contribuir para a vivência de sintomas depressivos, ansiedade, ou para o desenvolvimento de psicopatologias associadas a esses sintomas.

Outra das situações associadas ao viver sozinho diz respeito à saída de casa dos filhos, ou de outros significativos, nomeadamente para irem procurar emprego, muitas vezes para fora do país (ou por outros motivos, como o casamento, a ida para a universidade), o que poderá estar associado a uma etapa de ninho vazio… A verdade é que estas situações, associadas com a vivência do divórcio, despoletam a existência de novos sentimentos de solidão nos pais agora sozinhos: melancolia, tristeza e até de depressão, desânimo e esvaziamento. Depois de vários anos em que os pais se sentiam úteis na vida dos filhos, em que eram o garante da resposta aos encargos e responsabilidades, começam a sentir que já não são precisos, emergindo sintomas como tristeza duradoura, episódios de choro e de desalento, isolamento e irritabilidade. Em situações extremas, as perturbações de humor (onde a depressão é a mais comum) ou de ansiedade, são o desfecho destas histórias. São as mães quem, maioritariamente, sofrem destes sintomas, pelo papel de cuidador principal dos filhos, e por serem elas quem, em situações de divórcio, ainda fica com o papel de responsabilidade parental.

No caso dos idosos, viver-se sozinho associa-se, muitas vezes, ao isolamento e à solidão, sobretudo por 3 situações: saúde física e psicológica debilitada; ausência de laços familiares significativos (os filhos seguiram as suas vidas…) e terem perdido os cônjuges ou amigos significativos, o que leva a que, muitas vezes, sejam as únicas pessoas vivas na família… Nestas situações, a espera pelo momento da sua partida torna-se tão evidente que a angústia e os sentimentos depressivos atingem o seu culminar.

A verdade é que, perante o descrito, viver-se sozinho torna-nos mais vulneráveis, pois não há partilha de tarefas, de responsabilidades, de alegrias momentâneas, refletindo-se este estado em situações instrumentais, sendo que estas pessoas podem ser as mais afetadas por situações de pobreza, como acontece com os idosos.

Mas nem sempre é assim… Viver sozinho não é o mesmo que se sentir sozinho, nem é o mesmo que estar desacompanhado! Muitas pessoas escolhem estar sozinhas, como forma de emancipação, ou como compensação de sentimentos negativos anteriores (por exemplo, após situações traumáticas, após o divórcio, após grandes períodos de ansiedade).

A verdade é que todos nós somos seres sociais que têm necessidade de ter uma rede de suporte que seja o garante de companhia social, apoio emocional, ajuda material ou instrumental e que, muitas vezes, funcione como um guia cognitivo e nos forneça conselhos. Essa rede, quanto mais próxima e significativa, mais nos dará a sensação de bem-estar a satisfação.