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[heading]A dor ou o medo dela?[/heading]

MedoViver com dor crónica desencadeia no paciente  uma série de mecanismos cognitivos e emocionais que têm uma função protectora. A pessoa não sente apenas dor mas também lhe atribui significados.

Se a dor for interpretada como um sinal de perigo, as actividades que possam provocar dor vão causar medo e a pessoa terá tendência a evitar essas actividades precisamente por significarem perigo.

Em geral este medo está associado a movimentos que possam provocar uma lesão. A pessoa pode ter medo de piorar a sua condição, de lesionar uma articulação, um músculo, a coluna vertebral, etc.

Ou seja, o que causa o medo é a relação que é estabelecida entre a experiência de dor e determinadas actividades. Se uma actividade ou movimento significa perigo, é natural que a pessoa que sofre de dor antecipe que o resultado dessas actividades venha a ser mais lesões ou outras consequências negativas.

Isto cria um ciclo vicioso no qual a pessoa passa a evitar actividades por medo de dor, no entanto, este ciclo acaba por aprisionar a pessoa com dor porque vai mantendo este(s) evitamento(s) ao longo do tempo por medo e não pela dor em si.

É importante tomar consciência e aprender a lidar com este mecanismo de evitamento e do medo da dor  que acaba por doer e condicionar mais do que a própria dor.

 

S. Morkey, Psychology of Pain, British Journal of Anaesthesia 101 (1): 25–31 (2008)