O que é PDPM?! Foi a pergunta que a Juliana fez quando mencionei o termo a primeira vez em sessão. Expliquei que PDPM significa Perturbação Disfórica Pré Menstrual, e vinha explicar muitas das queixas que Juliana apresentava.
Juliana tem 38 anos, vive com o namorado e não tem filhos. Há cerca de dois anos começou a notar que se sentia deprimida e ansiosa, que o seu humor estava bastante instável. Afirma que sentia que estava reativa a tudo o que antes não lhe fazia grande confusão. Disse: “é como se usasse lentes de aumento e tudo me parecesse mais grave do que na realidade é, só que na hora eu não sei o que é real e o que não é”. Explorei melhor com ela o historial dos seus sintomas. Demo-nos conta de que esse mal-estar era cíclico, e daí foi um “pulo”, até nos apercebermos de que os sintomas surgiam sempre cerca de 1 ou 2 semanas antes da sua menstruação e gradualmente iam diminuindo de intensidade até desaparecerem totalmente.
Quando expliquei o que era PDPM, e a informei de que isso é realmente uma perturbação, Juliana estava descrente. Disse que isso era uma “modernice”, que na época da sua avó as mulheres já tinham menstruação e ninguém se queixava de nada. Expliquei-lhe que era exatamente este tipo de crença que dificultava a real sinalização da perturbação e o consequente tratamento. Fizemos uma escala de consequências, ou seja, enumeramos o seu grau de sofrimento e as suas perdas reais: 10 foi o valor dado ao grau de sofrimento no pico das suas crises, 8 foi o valor dado ao grau de sofrimento em relação as consequências das suas crises. Ou seja, ela estava em profundo sofrimento!
As consequências eram diversas. Como tinha pensamentos de desvalorização pessoal, investia menos em si, e por causa disso se sentia insegura no trabalho tendo piores resultados. Terminou uma relação no auge de uma das suas crises, pois desconfiou que o namorado não gostava de si e não a compreendia, tendo tomado a decisão de terminar antes que ele o fizesse. Ele mais tarde, disse que nunca tinha pensado em terminar. A sua instabilidade de humor trouxeram conflitos interpessoais, más interpretações e mal entendidos quer na dimensão pessoal, quer na dimensão profissional. E estas foram apenas algumas das perdas que Juliana teve desde que começou a sofrer de PDPM. O fato de muitas vezes não ser uma perturbação “levada a sério”, faz com que a própria mulher que sofre de PDPM desvalorize a sua condição e por isso, a situação se perpetua no tempo trazendo consequências cada vez mais graves.
Os seguintes sinais surgem normalmente entre 1 a 2 semanas antes da menstruação
. humor deprimido e pensamentos de desvalorização pessoal
. ansiedade, tensão, stress
. instabilidade no humor, choro fácil, sensação de rejeição e abandono
. raiva, irritabilidade, aumento nos conflitos interpessoais
. diminuição de interesse nas atividades habituais
. cansaço, fadiga, letargia
. mudanças no apetite
. hipersónia ou insónia
. sensação de estar assoberbado ou descontrolado
. sintomas físicos como: dores no peito, dores de cabeça, inchaço, dores musculares
Mas esta situação tem solução! Intervenções terapêuticas que abarcam psicoterapia, nutrição, relaxamento e mindfulness, bem como a prática de exercício físico, têm um impacto bastante benéfico na redução dos sintomas.
Se reconhece estes sinais, venha ter connosco! A consulta de saúde feminina na Oficina de Psicologia tem condições de responder às suas necessidades e ajudá-la a recuperar qualidade de vida.