Faz assim tanto sentido levar uma criança a uma consulta de Psicologia?
Verdades sobre as consultas de Psicologia infantojuvenil
À medida que os anos vão passando, a Psicologia vai dando provas de ser uma ciência, credível e útil. Porém, sabemos que ainda há pessoas que tem uma ideia distorcida sobre o trabalho e âmbito de actuação de um Psicólogo. No que diz respeito a um acompanhamento psicológico de crianças e adolescentes surgem dúvidas mais específicas. Este artigo pretende desmistificar ideias pré-concebidas e erradas e esclarecer algumas dúvidas mais comuns.
Mito – Só as crianças com problemas graves devem ser acompanhadas por um psicólogo
Verdade – Qualquer criança ou jovem pode beneficiar de acompanhamento psicológico, independentemente de apresentar sintomatologia com diagnóstico de uma perturbação clínica (por exemplo, Enurese, Perturbação de Ansiedade, Depressão, Perturbação de Comportamento…), ou apenas dificuldades circunscritas que estejam a ter um impacto negativo no seu dia a dia (como por exemplo, ter medos específicos e interferentes; ser mais tímida e ter dificuldade em fazer amizades; ter dificuldades de controlo de impulsos, dificuldades de regulação emocional; baixa auto-estima).
Sabemos que actuando de forma precoce e ensinando ferramentas para promoção de inteligência emocional específicas para as dificuldades manifestadas pela criança e família, estaremos a prevenir o seu agravamento a nível de frequência e intensidade e a prevenir a generalização para outros contextos de vida.
Mito – O meu filho já foi acompanhado por um psicólogo e não houve resultados.
Verdade – É importante lembrar que, tal como em qualquer profissão, nem todos os psicólogos são iguais, tendo cada um a sua corrente teórica e os seus métodos de trabalho, sendo que, por exemplo, a forma como desenvolve a relação terapêutica com o cliente é essencial para o sucesso. Na Psicologia existem várias especialidades, pelo que no momento de procura de ajuda profissional é fundamental informar-se sobre a formação do psicólogo e se a área de intervenção é a mais indicada para a problemática que o seu filho apresenta. Por exemplo um psicólogo escolar/educacional e um psicólogo clínico têm campos de formação e de actuação diferenciados.
Mito – Só as crianças a partir de idade escolar vão ao psicólogo
Verdade – Pais com crianças de qualquer idade podem procurar ajuda no âmbito da Psicologia. Na maioria das vezes, quanto mais nova é a criança, mais a intervenção será focada nos pais ou cuidadores, através de consultas de aconselhamento parental, nas quais se facultam estratégias parentais que promovam maior bem estar para a criança e melhoria das dinâmicas familiares.
Mito – Se é o meu filho que tem o problema, então ele é que tem de melhorar sozinho.
Verdade –São vários os factores que podem contribuir para o desenvolvimento das problemáticas: hereditários, por modelagem e observação, estilo de educação parental, etc.. Na maioria das vezes há padrões de funcionamento no meio familiar que podem estar a reforçar a problemática, de forma involuntária e inconsciente. Alguns ajustes nas estratégias parentais, bem como o apoio da família para o treino e consolidação das aprendizagens do acompanhamento psicoterapêutico por parte da criança ou jovem, podem fazer toda a diferença. Os estudos científicos têm comprovado que o envolvimento e cooperação adequados da família são imprescindíveis e preditores de sucesso na psicoterapia.
Mito – A escola não tem de ser envolvida no processo psicoterapêutico do meu filho.
Verdade – Se o envolvimento da família é imprescindível, em alguns casos o da escola também o é, uma vez que é um contexto muito importante na vida da criança ou adolescente. O psicólogo pode necessitar de recolher informação junto dos intervenientes escolares para melhor avaliar o caso, bem como para fornecer estratégias práticas a implementar também no contexto escolar. A investigação afirma que os resultados terapêuticos são mais visíveis quando as intervenções são implementadas de forma apropriada e em simultâneo em contexto familiar e em contexto escolar.
Mito – As consultas resumem-se a simples conversas e jogos.
Verdade – As actividades realizadas nas consultas infantojuvenis são ajustadas às características e necessidades específicas de cada criança ou adolescente. No plano de intervenção delineado são sempre aplicadas técnicas terapêuticas cuja eficácia é comprovada cientificamente. Neste sentido, o teor das consultas ultrapassam em grande medida algo que se assemelhe a uma simples conversa ou partilha de desabafos. Com crianças mais novas, que naturalmente ainda estão imaturas a nível de desenvolvimento cognitivo e emocional, o psicólogo tem a necessidade de recorrer a material mais lúdico-didático (desenhos, jogos, leitura de histórias) relacionado com a temática que está a ser trabalhada.
Mito – Como mãe/pai tenho o direito de saber tudo o que é falado durante a consulta do meu filho.
Verdade – Todos os clientes, independentemente da sua idade, devem ver respeitada a sua privacidade, pelo que os pais ou cuidadores devem respeitá-la. A relação terapêutica com a criança ou jovem é alimentada pela confiança e transparência, pelo que a confidencialidade é essencial. Todavia, os pais ou cuidadores terão, genericamente, direito a informações sobre o processo. Adicionalmente, as circunstâncias excepcionais de quebra de sigilo profissional devem ser explicadas pelo psicólogo.
Mito – Somos pais divorciados e só o progenitor que toma iniciativa para levar a criança à consulta é que participa no processo terapêutico.
Verdade – No caso do progenitor que procura a ajuda ter a responsabilidade parental, pode responsabilizar-se pelas consultas, mas compete ao psicólogo explicar a importância do outro progenitor estar informado e poder colaborar no processo de avaliação/intervenção no melhor interesse da criança. Adicionalmente, é fulcral que fique claro para ambos os progenitores que o psicólogo é um profissional neutro e o seu cliente é a criança ou adolescente, e não o progenitor que procura os seus serviços.
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Muito útil, desmistifica muitas ideias.
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