Mitos sobre o cérebro em que tem de parar de acreditar

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Ele é rosa – acinzentado, pesa cerca de 2% da sua massa corporal, é enrugado e se parece com uma noz gigante; é a morada da inteligência e, além de controlar tudo o que se passa em nosso corpo, o cérebro é tão incrivelmente complexo e misterioso que ainda desafia diversas áreas da ciência, como a neurologia, a neurobiologia, a psiquiatria e a psicologia.

Todo este mistério, claro, deu origem a um grande número de mitos e teorias ao longo dos séculos; felizmente, alguns deles hoje podemos desacreditar:

· Somente usamos 10% de toda a capacidade cerebral:

Será que a natureza, sempre tão precisa em suas criações, investiria em uma estrutura tão sofisticada, para deixar 90% inativos? Com cerca de 100 bilhões de neurônios, formando entre si 100 trilhões de conexões, podemos arquivar 1000 Terabytes de informação. Inclusive, as redes neurais artificiais dos processadores são modelos computacionais inspirados no funcionamento cerebral. Se restarem dúvidas, os exames de neuroimagem mostram, em tempo real, todo o sistema em funcionamento.

· Todo dano cerebral é permanente:

Dependendo da extensão e da localização do dano, é possível, sim, se recuperar. O conceito de neuroplasticidade explica a

capacidade do cérebro de reorganizar-se fisica e funcionalmente, ao longo da vida, e de acordo com o ambiente, comportamento, pensamentos e emoções. Neurônios do hipocampo, por exemplo – área ligada ao processamento das memórias, aprendizagem e emoções – se renovam ao longo de toda a vida.

E mesmo com a perda de muitos neurônios, as sinapses, que são as conexões nervosas, conseguem se reconectar, encontrando outros caminhos para executar as funções que sofreram danos.

· O álcool mata os neurônios:

Acordar com aquela ressaca, tonteira e dor de cabeça, pode dar a impressão de que a bebedeira derreteu milhares de seus neurônios, mas estudos indicam que isto não é verdade. Entretanto, o álcool pode ter um impacto negativo no comportamento dos neurônios, alterando as ligações entre eles. Um estudo publicado na revista Neuroscience também descobriu que quantidades moderadas de álcool alteram a neurogênese – produção de novos neurônios – no hipocampo do adulto, o que pode prejudicar a aprendizagem e a memória.

· Ouvir música clássica torna as crianças mais inteligentes:

O chamado ‘efeito Mozart’, publicado em um estudo de 1991, não foi confirmado em outras pesquisas. Em 2010, uma análise de vários estudos constatou que ouvir música ou outro tipo de conteúdo teria um impacto num curto prazo na capacidade de manipular formas mentalmente, mas não encontrou evidências para sustentar um possível impacto no quociente de inteligência (QI) das pessoas.

Também não ficou comprovado que podemos aprender idiomas dormindo…

· As diferenças entre os cérebros masculino e feminino influenciam na inteligência de cada sexo:

“Mulheres são de Humanas, homens são de Exatas”… Será?

De acordo com uma pesquisa publicada na revista Science, as discrepâncias estruturais existem; por exemplo, os cérebros femininos possuem um maior volume médio do córtex, o que indicaria uma maior aptidão cognitiva. Já os cérebros masculinos apresentam maior volume nas áreas subcorticais, ligadas à memória, consciência espacial e aos mecanismos de controle da inibição e recompensa.

A pesquisa concluiu que, embora estas diferenças anatômicas existam, não se encontrou nenhuma diferença média na inteligência entre homens e mulheres. Afinal, o conceito de inteligência é muito amplo e abstrato, e se refere mais à forma como dinamizamos nossos recursos,

e fatores como personalidade, ambiente e educação são determinantes em nossa performance.

Isis de León, psicóloga da OP- Brasil

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Ísis Léon
Ísis LéonPsicóloga
2018-02-24T20:04:58+00:0024 de Fevereiro, 2018|
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