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Um dos valores humanos que considero mais importante é a autonomia. Por vezes, quando adoecemos, a pessoa doente assume uma posição passiva. Entrega-se às mãos de quem o pode tratar e demite-se da oportunidade de escolha. De certa forma, estar doente implica perder alguma autonomia. No entanto, no que toca à psiquiatria, eu acho que a pessoa doente deve ter uma palavra a dizer acerca do seu tratamento.

É certo que são os médicos que detêm o conhecimento necessário para saber qual o tratamento (ou tratamentos) ideal. Ao doente, gosto de explicar qual o diagnóstico que acho mais provável e faço a proposta de tratamento,  explicando os efeitos desejáveis e indesejáveis que podem acontecer. Infelizmente, os efeitos indesejáveis são frequentes com a medicação psiquiátrica. Muito são transitórios, mas são um dos fortes motivos pelos quais gosto de apresentar e discutir as alternativas de tratamento.

O tratamento ideal não é só aquele que vem nos livros mas sim aquele que o paciente se sente bem em fazer, confiante de um bom resultado, mas ciente das dificuldades que possam surgir.

Está habituado a discutir as propostas de tratamento?

Filipe Freitas Pinto

Coordenador da Unidade de Psiquiatria

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