Acaba de ser publicado um estudo da University College London e da UNiversidade de Barlona com resultados promissores na aplicação de realidade virtual à depressão. Muito caminho terá ainda de ser andado, mas este primeiro passo foi interessante. Ora acompanhe-nos: os protagonistas registavam depressão clínica e criou-se um cenário de realidade virtual em que se viam a consolar uma criança – virtual, claro – com compaixão. Depois, os nossos protagonistas passavam para o papel da criança e eram consolados… por si próprios. Em sessões de 8 minutos, 3 vezes por semana, praticaram, assim, serem compassivos consigo próprios – ou, pelo menos, o seu eu adulto foi compassivo com o seu eu criança. Um mês depois, 60% tinham diminuído a sintomatologia depressiva, o que é mesmo muito interessante.
Já agora: porque é que os autores pensaram em compaixão como um antídoto para a depressão? Porque na depressão há uma tendência para a auto-crítica que, de certa forma boicota a melhoria e prolonga e agrava o estado depressivo.
Talvez num futuro próximo, entre num dos nossos consultórios e coloque uns óculos de realidade virtual, quem sabe? E, enquanto isso não acontece, que tal ir tomando consciência dessa voz crítica que mora dentro de si e começar a substituí-la por um diálogo consigo próprio que fale de tolerância, conforto, contenção, perspectiva, carinho e compaixão?