Nas relações de casal é possível inferir que são as semelhanças e as afinidades que facilitam a vida do casal, em vez de um processo quase místico de magnetismos entre as partes. Importa pensar em palavras-chave como inter-ajuda, colaboração, escuta ativa, que surgem como principais na relação amorosa e se constituem como estratégias e capacidades de lidar com as situações com que nos deparamos numa vida em comum.
Podemos ainda recorrer ao conceito de auto-estima, que corresponde à avaliação que fazemos de nós próprios e surge da diferença entre o que somos e o que desejaríamos ser, para compreender este fenómeno.
Assim, podemos dizer que a baixa auto-estima muitas vezes faz com que a relação seja encarada como pouco satisfatória para o companheiro, «é impossível que seja feliz com alguém como eu». Assim, podemos referir que existe uma leitura errada e condicionada pelas lentes negativistas, que vai minando o relacionamento, podendo até chegar ao ponto de despoletar precisamente os sentimentos mais temidos. Todas as relações são coloridas com pequenos e/ou grandes desafios. No entanto, as dificuldades transitórias podem ser percecionadas como ameaçadoras ao ponto de pôr em causa toda a relação, quando estamos perante uma baixa auto-estima.
Por sua vez, a auto-estima elevada promove uma maior confiança no afeto dos parceiros e segurança no que se refere à valorização e apreciação por parte do outro, havendo mais harmonia na relação.
Assim, mais do que pensar se são os opostos que se atraem, importa refletir sobre quais os aspetos que podem contribuir para que o casal fique de costas voltadas e crie barreiras difíceis de transpor entre si. Em cada relacionamento importa cuidar da relação como um elemento da tríade (eu, tu e nós), atendendo sempre à particularidade individual de cada um e às necessidades e apelos que surgem. Cada elemento desta tríade deve ser cuidado, mimado e estimado.