Diz-me a que geração pertences e dir-te-ei quem és?
Começando pelos factos, faz parte desta geração quem nasceu entre os anos 80 e o início dos anos 2000, tendo hoje entre 16 e 36 anos. A Geração Millennial é também apelidada de Y, filha da Geração X (1962 a 1981) e neta dos Baby Boomers (nascidos entre 1946 e 1961). Recebe ainda a designação de Geração Peter Pan ou Boomerang, pela tendência para viver com os pais.
Como as anteriores, esta geração recebe e transporta estereótipos negativos, perpetuados pelos Media, que já os consideraram preguiçosos, demasiado idealistas, individualistas – pelo foco no desenvolvimento da sua “marca pessoal” como uma competência de carreira – narcisistas, egocêntricos e instáveis: “saltam” de trabalho em trabalho. A Time, num artigo de 2013, apelida esta geração de “A Geração eu eu eu”, egocêntrica, fútil e “encostada aos pais”.
Os Millennials preferem horários flexíveis, com tempo para o “eu no trabalho”, gostando de feedback e aconselhamento quase permanentes de quem os dirige. Estão, e são, mais desligados de questões cívicas, da política e das instituições, mais focados em valores materiais e menos preocupados com a comunidade do que o eram a Geração X e os Baby Boomers (na realidade americana). A demissão da participação política e da comunidade devem ser um fator de preocupação.
A permanência, ou necessidade de regresso, a casa dos pais deve-se a razões económicas e à tendência para o adiamento de rituais de passagem para a vida adulta, como o casamento ou o início da carreira. Esta realidade acarreta desafios para a vida familiar e para a conceção tradicional do ciclo de vida da família. A dependência transmite segurança, mas gera apreensão nos pais, sobretudo quanto à vida profissional. Os filhos já cresceram sem a ilusão de um “emprego para a vida”. Muitas vezes ganham dinheiro com hobbies, trabalhos instáveis ou negócios online.
A vida em casa dos pais é conjugada com a liberdade e autonomia. Existe maior negociação entre pais e filhos do que nas gerações anteriores (predominavam relações autoritárias) e o controlo é exercido à distância, com recurso, por exemplo, ao telemóvel.
Na face positiva da moeda, os Millennials são ambiciosos, confiantes, progressistas, versáteis, multicompetentes e com grande flexibilidade laboral. São exigentes e não procuram trabalho, antes projetos de realização pessoal. É uma geração que se foca na alimentação saudável, no desporto e no corpo, através do qual constrói a sua identidade. Ser Millennial parece ser, antes de mais, um estado de espírito, no qual a partilha é uma palavra-chave que preside, por exemplo, à opção por não comprar casa ou carro. Em Portugal são disso ilustrativas as lavandarias automáticas, os alugueres de casa online ou os sites de partilha de conteúdos.
Os Millennials portugueses são tidos como a primeira geração preparada para competir em igualdade com os melhores do mundo. É uma geração mais culta, mais viajada, com uma visão mais global, empreendedora e que cria negócios novos e arrojados. Ao contrário da Geração X, tem uma maneira de viver e pensar de acordo com os padrões internacionais, propiciada pela internet.
O domínio da tecnologia é a grande marca distintiva desta geração. O denominador comum a todos os Millennials é terem crescido com internet. São rápidos a experimentar, a aderir à novidade e a integrar o digital na sua vida.
Esta é a geração que está sempre online e que recorre às redes sociais, muitas vezes para uma partilha, porventura excessiva, do seu quotidiano. A sujeição aos likes dá uma falsa sensação de poder. A gestão da esfera privada é um desafio! Esta geração tem uma menor tolerância à frustração e à espera, que decorre da ilusão de acesso rápido transmitida pela internet. No “mundo real” continuamos a ser confrontados com a necessidade de aguardar.
É uma geração que poupa, porque pesquisa. Contudo, procura a gratificação instantânea. Não obstante, a lógica prevalecente não será materialista, antes de privilégio de valores mais profundos de felicidade, diversidade, descoberta, partilha, paixão.
É do confronto entre recompensa rápida e inevitabilidade da espera que decorre, por exemplo, a dependência da internet e de videojogos. No mundo online, encontram a imediaticidade de recompensa que não conseguem nos contextos escolar e profissional.