A adolescência é um período de transição entre a infância e o estado adulto, onde o/a jovem procura um sentido para a vida, experimenta e confronta-se com tarefas essenciais à formação da sua identidade e à construção da sua autonomia. A par deste caminho, a puberdade faz surgir um conjunto de transformações físicas, de sentimentos e de pulsões sexuais que exigem de si reajustamentos e adaptações. E, por isso, muitas vezes este é um percurso complicado, cheio de dúvidas, inseguranças e questões que, quando não encontram as respostas adequadas, geram angústias e agitações – razões básicas para o aparecimento de distúrbios ansiosos na adolescência.
Deste modo, a adolescência afigura-se como um período da vida onde a ansiedade patológica ocorre com frequência, começando muitas vezes a estruturar-se nesta idade para o resto da vida. Falamos, então, de ansiedade patológica quando os seus sintomas provocam mal-estar e interferem com o ajustamento social, profissional, familiar e/ou escolar da pessoa que a sofre.
Na adolescência, é comum encontrarmos jovens estudantes com altos níveis de ansiedade que perturbam a concentração e a memória, conduzindo depois a dificuldades e ao insucesso escolar. O medo da morte também pode manter-se como parte da angústia existencial de alguns adolescentes, revelando níveis de ansiedade que provocam a desestruturação do comportamento. Ou o evitamento de situações sociais que levam o/a jovem a isolar-se cada vez mais pode conduzir ao desenvolvimento de uma fobia social.
São várias causas que podem despoletar aquilo que Santos Pereira (1998) chama de “medo sem sentido”: “(…) um medo que se alimenta do medo que o medo é – uma incerteza, uma angústia”. A adolescência é, pois, um terreno fértil para o seu aparecimento, sendo importante proporcionar aos/às jovens as ferramentas necessárias para a sua resolução, para que a ansiedade não permaneça nas suas vidas enquanto fator incapacitante.