Autor: Marta Andersen
A maioria das crianças gosta de brincar ao “faz de conta”: estas brincadeiras incluem brincar “às casinhas” ou “aos médicos” e envolvem o uso de bonecos, peluches e objectos de brincar que a criança usa fingindo que são verdadeiros. Este tipo de brincadeira não só é saudável, como extremamente importante para o desenvolvimento de competências cognitivas, sociais e emocionais das crianças. Ao recriar, através da brincadeira, situações reais ou de fantasia, a criança vai-se apropriando do seu mundo e aprende a lidar com os outros, com as suas emoções e desenvolve novos comportamentos e pensamentos.
Algumas crianças, para além deste tipo de brincadeira, criam um amigo imaginário. Um amigo imaginário distingue-se da habitual brincadeira do faz de conta pelo facto de ser alguém invisível, que só existe na imaginação da criança. Pode ser uma pessoa ou um grupo de pessoas ou até um animal.
Muitos pais descobrem que os seus filhos têm amigos imaginários acidentalmente: ou porque apanham a criança a conversar sozinha, ou porque “pisam” o amigo imaginário , ou porque a criança lhes conta aventuras que viveu com alguém que os pais sabem que não existe.
Descobrir que o filho tem um amigo imaginário pode ser motivo de grande preocupação para os pais, que muitas vezes se questionam se este será um sinal de que a criança tem dificuldades a fazer amigos de carne e osso, ou de alguma perturbação de outro tipo.
A investigação nesta área tem no entanto contribuído para descansar os pais: ter um amigo imaginário não é de todo um sinal de alarme mas algo muito natural! As crianças que têm amigos imaginários são geralmente tão bem integradas em termos sociais como as outras, e estes não servem como substitutos das relações com as pessoas reais.
A grande maioria destas crianças tem a noção de que o seu amigo não é real, mas sim inventado por si. O amigo imaginário funciona como um companheiro nos momentos em que a criança está sozinha a brincar ou a fazer outras actividades. Assim, as crianças com maior probabilidade de ter um amigo imaginário são os filhos mais velhos, os filhos únicos e as crianças que vêem pouca televisão.
O amigo imaginário pode ser uma importante fonte de conforto emocional quando a criança passa por dificuldades. Algumas crianças desenvolvem amigos imaginários após terem passado por um trauma e esse amigo pode ser um recurso fundamental para a criança gerir as suas emoções.
Assim, se o seu filho tem um amigo imaginário, aceite-o em vez de tentar combater a sua existência na vida da criança. Ao conversar com o seu filho acerca do amigo imaginário pode aceder aos interesses, preocupações, desejos e receios do seu filho.