O amor pode ser definido como o sentimento que leva as pessoas a aproximarem-se, protegerem ou conservarem a pessoa que amam. É um sentimento transversal à experiência de ligação entre as pessoas, fundamental à natureza humana (Greenberg & Paivio, 1997). Este sentimento tem tanto de experiencial como de inexplicável e pessoal. Por essa mesma razão, a autora Ellen Berscheid (2006) propõe uma classificação de quatro formas de amor que considera inatas no ser humano como forma de viver as relações interpessoais:
Amor vinculação. A vinculação é um laço afectivo que se estabelece com o outro e ocorre pela primeira vez na infância (Ainsworth, 1969). A investigação levada a cabo por John Bowlby em 1973 mostra diferentes padrões emocionais em bebés quando afastados da figura de vinculação que se traduziam por: a) choro, protesto, procura activa da figura cuidadora e resistência ao consolo dos outros; b) desespero, caracterizado por alguma passividade e tristeza; c)distanciamento, ignorando activamente a figura cuidadora quando esta regressa. A vinculação é assim geradora do sentimento de amor, uma vez que este se traduz na segurança e conforto obtidos com a presença e cuidado que recebemos do outro. As experiências de vinculação precoce têm um papel muito importante no estabelecimento de relações ao longo da vida e na forma como se lida com a aproximação e a perda dos outros.
Amor romântico. Pode ser definido como a ligação afectiva entre duas pessoas, envolvendo cuidado recíproco e uma importante componente sexual, expresso através de paixão e desejo (Shaver, Morgan & Wu, 1996). Um toque ou olhar do/a parceiro/a desencadeia a libertação de uma grande quantidade de endorfinas (hormonas que funcionam como opiáceos naturais, reduzindo a dor e aumentando sensações de prazer). Cada parceiro/a influencia o batimento cardíaco, respiração, transpiração e bem-estar físico do/a outro/a (Greenberg, 2002). Este amor tem em si mesmo determinados picos de prazer ligados ao desejo, sensualidade e excitação, andando a par e passo com algumas sensações de surpresa, insegurança ou medo. Estas últimas estão muitas vezes associadas a ameaças de ruptura na relação, o que faz com que o amor seja experienciado de forma muito profunda (Vasco, 1987).
Amor companheiro. Pode também ser definido como amizade ou gostar intenso, constituindo a forma através da qual as relações românticas se iniciam (Berscheid, 2010). É-lhe inerente o compromisso e a promoção de conectividade e apoio entre os parceiros, relacionando-se intimamente com a satisfação conjugal. Existem teorias que apoiam a ideia de que, ao longo do tempo, o amor romântico vai sendo substituído pelo amor companheiro (Berscheid, 2006).
Amor compaixão. Está mais associado ao suporte social e ao apoio mútuo em momentos difíceis, sendo também considerado uma forma de amor mais altruísta. É promovido o desenvolvimento de comportamentos que levem ao bem-estar do outro, sendo estes comportamentos também percepcionados como formas de benefício futuro para quem os promove. Ocorre sobretudo em momentos do relacionamento em que um dos elementos passa por períodos difíceis e precisa do apoio, suporte e cuidado do/a parceiro/a.
Estas formas de amor podem existir em conjunto ou em separado na experiência amorosa ao longo da vida e parecem ter subjacentes necessidades de pertença e aceitação por parte do outro, promovendo afectos positivos. O tipo de amor que se sente pode ter tonalidades diferentes em etapas diferentes de vida, tendo sempre como base a necessidade de ligação ao outro.
Adorei o texto e gostaria de saber a bibliografia desse artigo. É possível me passar?