À medida que uma relação de casal vai evoluindo, é natural que surja aquele período em que parece que falta a paixão inicial ou as descargas hormonais que nos fazem ver a vida cor-de-rosa. Com isto, muitas vezes, o pano cai e começamos a ver a pessoa tal como ela é. Perante alguns dos seus defeitos, podemos sorrir, senti-los como fragilidades que se podem perdoar e confiar e que, com a nossa ajuda, poderá superá-los. No entanto, com outros defeitos pode surgir uma irritação e estes poderão ser motivo de uma mudança de opiniões que bem pode acabar em discussão.
De uma forma geral, nos casais que estão juntos há pouco tempo, estas discussões não têm consequências graves. Em muitas situações, um ou outro acaba por ceder e desta forma a irritação dilui-se. Mas quando a relação já é duradoura, cada um dos membros costuma acumular ressentimentos e decepções que, no momento de discutir, acabam por se expor. Quantas vezes já anunciámos uma longa lista de defeitos em vez de tentarmos negociar o conflito que originou a discussão? Certamente conseguimos imaginar uma situação em que um dos dois queixa-se de algo que o outro fez e este, em vez de dar uma resposta racional e lógica, limita-se a contra-atacar utilizando como argumento algo que incomoda o outro.
E se parasse para pensar no que você mesmo faz para que o seu companheiro não lhe responda da forma que espera, mas sim de uma forma oposta ou desagradável? Não é habitual parar para pensar nos próprios erros, que muitas vezes originam atitudes negativas no outro. O mais usual é encarar uma discussão como algo que se pode ganhar ou perder, sem se ter em conta que quando há discussões no casal quem perde são os dois. Uma discussão é útil se, mediante ela, há acordos ou, em casos extremos, se fica claro que a convivência não é possível.
Dando um exemplo: num casal, uma das partes sente-se mal porque o companheiro não se mostra suficientemente terno e carinhoso. No momento de manifestar o problema existirão duas opções: acusá-lo de não lhe dar suficiente atenção, de não lhe demonstrar o seu afecto de maneira clara ou perguntar-lhe o que ele faz mal para não despertar no companheiro a necessidade de o fazer.
O que poderá despertar cada uma das opções? Certamente que a primeira despertará imediatamente uma emoção que será vivida como uma ameaça à auto-estima, e a mente emocional encarregar-se-á de preparar o organismo para o ataque ou fuga. A segunda forma de encarar o problema, pelo contrário, não representará uma ameaça para nenhuma das partes, por isso não irá haver lugar para um estado de alerta. A vantagem é que, desta forma, há espaço para elaborar respostas racionais e tentar chegar a um acordo. Por outras palavras, pode perguntar a si próprio até que ponto é carinhoso e investigar os motivos pelos quais não expressa claramente os seus sentimentos. Inclusivamente, se apontar algum traço que o incomoda, este comentário não será devolvido com emoções negativas, mas será a exposição de um facto claro e concreto.
O clima amigável e relaxado que se obtém com esta forma de expor as dificuldades favorece a comunicação no casal e a procura de soluções por parte de ambos. Além disso, é uma forma útil de conhecer os próprios defeitos e uma óptima oportunidade para pedir ao companheiro ajuda para lidar com eles da melhor forma possível.
É importante saber que nem sempre estaremos dispostos a ceder para evitar conflitos. A chave está em procurar negociações que sejam positivas para ambos, em estabelecer escalas de prioridades e de limites.
As discussões só são prejudiciais quando trazem consigo sentimentos negativos como a ira, o medo ou o ódio.
Está com dificuldade em parar as discussões? Os sentimentos negativos surgem contantemente no seu dia a dia? Apaixonar é fácil, mas a vida a dois torna-se muitas vezes difícil.
Em Terapia de Casal estes temas surgem frequentemente e são tratados em conjunto.