A família é um sistema em constante movimento. Crescemos, amadurecemos, envelhecemos, mudamos e exigimos de forma diferente a cada dia que passa.
A adolescência é um período de transição, tanto para os próprios, como para as famílias, onde naturalmente se incluem os pais. Também é um período de muitos mitos e incompreensão. E se olhássemos para a situação de forma diferente? Se os pais dos adolescentes é que estivessem com problemas de incompreensão e integração?
Às dificuldades já inerentes à comunicação nos seres humanos, acrescentamos as dificuldades das mudanças de papel, o tal meio caminho entre ser criança e ser um jovem adulto, mas com a pressa de tomar este último papel o mais rapidamente possível.As discussões, a troca de argumentos de forma menos pacifica, a comunicação no geral, tudo tende a alterar-se nas relações quando chega a adolescência. E ainda bem!
Aqui ficam algumas dicas de como comunicar com o adolescente. Ou melhor, como sermos pais capazes de comunicar e de comunicarem connosco de uma nova forma.
Não haverá forma mais simples de comunicar se formos claros, diretos, honestos e sem acusação. Assim o desconforto e a revolta tendem a diminuir.
Outro ponto essencial é o adolescente sentir-se respeitado, compreendido, aceite e amado pelas figuras de referência. Os adolescentes devem ser visto como fontes de comunicação, e não apenas como receptores. Devem também começar a ter um papel mais ativo no que se passa ao seu redor e, com isso, também uma maior responsabilidade sobre os seus atos. Ao contrário do que possa parecer, o tipico discurso de “ninguém me entende” faz parte do processo de maturação e autonomia.
Mas não terá a comunicação limites e regras? Claro que sim! Enquanto pais ou adultos mais velhos, não somos superiores aos adolescentes, mas também não somos um dos seus pares.
Devemos evitar algumas expressões ou ideias preconceituosas que podem levar o adolescente a sentir-se “menos bem” na comunicação com os adultos, como por exemplo:
Utilizar generalizações abusivas, usando frequentemente expressões como o sempre, nunca, tudo e nada.Só está a descredibilizar a sua comunicação e a diminuir o espaço da aceitação e respeito.
A expressão “eu bem te avisei” deve ser evitada.A proibição desta expressão deve ser alargado a qualquer pessoa, de qualquer idade.
“Não dizes nada de jeito” ou “estás a ser infantil” também levam ao sentimento de desrespeito. Ficaria muito melhor se utilizássemos a expressão ”não concordo com o que dizes”.ou “tu estás a ter uma atitude infantil”.
Devemos também evitar a expressão ”não suporto que…”, “tens que fazer…” ou o “desiludiste-me”. Ao invés, devemos usar o “não gosto quando…” ou o “gostaria que fizesses…” ou o “não gostei que tivesses feito…”.
Iniciar a comunicação com o “penso que…”, não estou de acordo”, “gostaria de…” , “muitas vezes…” leva a uma redução da carga negativa e agressiva na comunicação.
As comparações com familiares ou amigos não deverá ocorrer e o seu uso tem um potencial destrutivo que vai muito além de qualquer possível ganho ou motivação.
Concluindo, os adultos terão que respeitar para serem respeitados. Deve haver confiança, compreensão e interesse no que o adolescente diz, no que pensa e nas suas opiniões.
Devemos valorizar o seu raciocínio, mesmo que possamos não concordar com o mesmo.
[h2]Os erros.[/h2]
Lista de erros tipicamente cometidos quando falamos com adolescentes:
1 – não entender que os filhos cresceram;
2 – não conseguir respeitar para ser respeitado;
3- não confiar e demonstrá-lo essa incapacidade;
4- pais que só cobram, mas não dão afecto, carinho, valor, diversão; não conseguem dialogar e não apenas pressionar;
5 – não saber ou conseguir dar liberdade, como o permitir as saídas “acompanhadas” (ir buscá-los à discoteca);
6 – não valorizar as suas descobertas, os seus raciocínios;
7 – desesperar, exagerar nas reações e não ter calma;
8 – envergonhar e constranger os adolescentes;
9 – achar que o nosso filho não é como os outros, que não comete erros, é melhor que os amigos, potenciando a comparação e o esconder os amigos dos pais;
10- chantagear (por exemplo com a ameaça de retirar a mesada, ou com o discurso de “estás a viver às minhas custas”);
11 – não explicar as razões para proibir algum comportamento;
12 – acusar antes de perguntar.