Os homens com Disfunção Erétil possuem um conjunto de mitos e ideias inadequadas acerca da sexualidade, que funcionam como fator de vulnerabilidade para o desenvolvimento das suas dificuldades. Entre estes mitos destacam-se as ideias de que: “um homem está sempre interessado e pronto para o sexo“, “um verdadeiro homem é sexualmente funcional“, “o sexo centra-se num pénis rijo e o que com ele se faz“, “sexo equivale a penetração“.
De acordo com Zilbergeld (1999), um homem que possua este conjunto de crenças erróneas acerca da sexualidade, é mais suscetível de desenvolver ideias catastróficas acerca das consequências de um eventual insucesso sexual. Perante estas situações, homens com crenças elevadas nos mitos acima descritos desenvolvem habitualmente ideias negativas acerca de si próprios: “sou menos do que um homem“, “sou um fracasso sexual“, “jamais conseguirei resolver este problema“. Estas crenças e consequentes autoconceitos negativos não só predispõem estes homens para o desenvolvimento de dificuldades sexuais, como desempenham um papel central na manutenção do problema.
Numa obra dedicada às dificuldades orgásmicas, Heiman e LoPiccolo (1988), indicam um conjunto de mitos sexuais típicos de mulheres com disfunção sexual. Os mitos propostos não só integram crenças relativas ao conservadorismo sexual feminino: “mulheres com respeito não se excitam com material erótico“, “mulheres femininas não iniciam atividade sexual“, “o orgasmo vaginal é mais feminino e maduro do que o orgasmo clitoridiano“; como incluem dimensões de mitos relacionados com o papel da idade e beleza física na atividade sexual: “o sexo é só para mulheres com menos de trinta anos“, “a vida sexual da mulher acaba com a menopausa“; e crenças relativas a exigências de desempenho: “uma mulher normal atinge o orgasmo sempre que tem uma relação sexual“, “todas as mulheres são capazes de ter múltiplos orgasmos“, “uma mulher funcional consegue sempre excitar-se com o seu parceiro sexual“, “algo está errado quando uma mulher não consegue ter um orgasmo rápida e facilmente“.
Numa investigação conduzida por Nobre e colaboradores (2003), com uma amostra portuguesa, foi possível perceber que mulheres com disfunção sexual apresentam pontuação mais elevada no total da escala de crenças disfuncionais, assim como apresentam mais crenças relacionadas com o papel da idade e com a importância da imagem corporal e beleza física no funcionamento sexual. De uma forma geral, as mulheres disfuncionais creem que o processo de envelhecimento, sobretudo pós-menopausa, implica um decréscimo do desejo e prazer sexual.
Relativamente à população masculina, Nobre e colaboradores (2003), realçam também o facto de os homens disfuncionais terem apresentado pontuações mais elevadas em todas as crenças avaliadas. Em particular, a crença no mito do “macho latino” e as crenças inadequadas face à satisfação sexual feminina, contribuíram para discriminar os homens funcionais dos disfuncionais.
De uma forma geral, é possível perceber que a crença em mitos sexuais erróneos podem estar na base do desenvolvimento de disfunções sexuais, quando o homem ou mulher se deparam perante um insucesso sexual. A desmistificação de alguns destes mitos tem um papel primordial para a manutenção de uma vida sexual saudável.
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