Tempo de Leitura: 2 min

Cristiana.Pereira2

A frustração é o sentimento que surge quando não realizamos um desejo ou uma necessidade pessoal, ou seja, é a reação a uma expectativa não correspondida. Por outras palavras, podemos dizer que é aquilo que sentimos quando algo que queremos ou esperamos não acontece. Essa não satisfação do desejo gera uma espécie de tensão interna, geralmente, como uma sensação de tristeza e aborrecimento ou, em alguns casos, de desespero ou zanga, entre outras emoções.

Especialmente na infância, é importante que os pais, cuidadores e educadores sejam capazes de perceber quando a criança está triste ou quando se sente frustrada. Na vida adulta, essa distinção também é relevante. Apesar de apresentarem sintomas muito parecidos, a tristeza e a frustração têm origens e consequências bastante distintas. Quando uma expectativa é frustrada, os sentimentos de tristeza levam a atitudes de mudança e a uma melhor adaptação, o que é completamente diferente dos casos de depressão, por exemplo, em que a tristeza também é um sintoma bastante marcado.

Apesar de parecer um sentimento decorrente de situações de fracasso, a frustração é de extrema importância para a nossa constituição psicológica. Em níveis suportáveis, a falta, a carência ou a desilusão estão associadas ao desenvolvimento da capacidade de adiar gratificações, fundamental para a vida em sociedade. Neste sentido, evitar frustrações pode não nos ajudar a adaptarmo-nos da melhor forma às permanentes mudanças que surgem no dia a dia. Por exemplo, uma criança protegida cujos desejos foram sempre imediatamente satisfeitos pode ter dificuldade em compreender a realidade da vida adulta, onde o desejo e a satisfação estão cada vez mais distantes e exigem cada vez mais trabalho e dedicação. Assim, esta criança pode vir a ser um adulto que desenvolve crises emocionais por razões ínfimas ou que se sente constantemente insatisfeito.

No entanto, não podemos resumir a dificuldade adaptativa dos adultos à superproteção dos pais, já que existem outros fatores que podem estar na influência desta formação.

Na sociedade em que vivemos, o prazer e a satisfação são constantemente alimentados, e a frustração surge como sendo a pior experiência. Parece que tudo conflui para podermos evitá-la. Por isso, a inadaptação é generalizada: os adultos e as crianças, incapazes de experienciar a frustração, porque não foram preparados para isso, são inundados por falsas realizações, apegando-se ao conforto proporcionado artificialmente por eles próprios. Falar em frustração está longe de se resumir ao sentimento de tristeza ou aborrecimento. Com o passar do tempo, conseguimos perceber que nem todos os nossos desejos podem ser satisfeitos e que as frustrações são uma parte inerente da vida adulta. Conseguir encará-las com realismo é um passo essencial para o nosso crescimento interior.

O importante é não perder de vista que a libertação da frustração exige uma atitude da nossa parte, caso contrário seremos mal-humorados e incapazes de usufruir dos bons momentos da vida.