A moralidade exige que sejamos altruístas. Até que ponto devemos ser altruístas? Talvez não tenhamos de ser heroicos, mas espera-se ainda assim, que estejamos atentos às necessidades dos outros, pelo menos até certo ponto.
E as pessoas ajudam-se, de facto, entre si: fazem favores umas às outras, fazem voluntariado em hospitais, doam órgãos e oferecem sangue, as mães sacrificam-se pelos filhos, os bombeiros arriscam a vida para salvar pessoas, etc.
O chamado “egoísmo psicológico” defende a ideia de que todas as ações que fazemos no dia-a-dia são motivadas pelo egoísmo. Por outras palavras, podemos acreditar que somos distintos e dedicados, mas isso é apenas uma ilusão. Na verdade importamo-nos apenas connosco mesmos.
Ser “altruísta” está relacionado com o desejo de ter uma vida mais significativa, o desejo de reconhecimento público, o sentimento de satisfação pessoal ou a esperança de uma recompensa divina. Por cada ato de aparente altruísmo podemos encontrar uma maneira de justificá-lo e substituí-lo por uma explicação em termos de motivos mais egocêntricos.
Mas, será que temos que colocar sempre os interesses alheios à frente dos nossos, para não sermos chamados de egoístas? E na vida prática, o que seria uma pessoa egoísta e altruísta? Existirá o egoísmo saudável?
Sim, o egoísmo pode ser saudável, em certa medida. Sabemos que quando ajudamos as pessoas em detrimento de nós mesmos, geramos conflitos internos de difícil resolução. Quantas pessoas não se anulam face de filhos, cônjuges, pais, e sentem diariamente uma frustração imensa?
Diria que o egoísmo é saudável quando não ultrapassamos o limite dos direitos do outro e não esquecemos os nossos deveres.Por isso, podemos dizer que deixar de ser saudável quando as pessoas passam a fazer exigências ao outro, apenas para satisfazer seu ego.
Da mesma forma, o altruísmo é saudável quando não se anula a si mesmo para ajudar o outro, pois isso poderá gerar a anulação da autoestima. Além disso, uma pessoa infeliz jamais conseguirá ajudar o próximo com a totalidade do seu amor. E é sabido que só o amor pode construir algo de bom.
De todo o modo, não há qualquer inconsistência em desejar que todos, incluindo nós mesmos e os outros, sejam felizes.