No seio familiar, os projetos pessoais são importantíssimos, não porque tenham de ser vividos por todos mas porque geralmente todos acabam por vivê-los. Uma nova empresa, um novo cargo, um emprego extra, um trabalho no estrangeiro, um projeto especial, um MBA, um novo curso ou uma pós-graduação. É difícil que algumas destas situações acabem por não influenciar a vivência do casal ou familiar.
A ocupação que leva o cônjuge a ficar longe de casa ou do contacto familiar por períodos alargados geralmente cria problemas relacionais e de incompreensão pela decisão tomada. A sobrecarga de um dos cônjuges com as tarefas familiares ou a “simples” ausência levam a colocar em causa tudo o que de positivo traz o novo projeto. Nestas situações é sempre positivo haver partilha de emoções e de sentimentos que surgem durante as ausências, por parte de ambos os cônjuges. O sentimento de partilha das dificuldades permite uma melhor vivência e resulta em respostas mais funcionais às dificuldades que surgem. Também permite que ambos se valorizem no período vivido.
Quando o projeto pessoal está a “bloquear” os projetos familiares, como sejam a compra de uma casa, o planear da gravidez ou as simples férias anuais, o processo deverá ser o mesmo. Neste caso, a família deveria “estudar” todas as limitações futuras que eventualmente surjam, de forma a protegerem-se e a esperar pelas dificuldades.
Deixar temas, ideias, opiniões ou dúvidas em “aberto”, apenas porque o cônjuge quer ou deseja muito realizar o seu projeto pessoal, pode ter um efeito contrário ao desejado. Nesse caso, quando surgem as dificuldades, a comunicação está já “contaminada”, e as queixas podem ser vistas como um apontar o dedo já tardio, pois aí o envolvimento e a entrega já são tais que é difícil voltar atrás na decisão.
Por norma, o receio de magoar ou de desmotivar o cônjuge leva à existência de uma comunicação menos explícita, clara e verdadeira. Situação que por norma resulta, mais tarde, em maiores dificuldades na resolução de problemas e na partilha emocional.