O transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) é um dos transtornos psiquiátricos mais comentados no mundo moderno. Tema de muita polêmica e opiniões divergentes, o TDAH já é um velho conhecido da medicina, com seus sintomas comportamentais descritos por pediatras e neurologistas desde o século XIX. Em 1937, o médico americano Dr Charles Bradley descreveu a ação de medicamentos estimulantes no comportamento e desempenho escolar de crianças. Desde então a classificação diagnóstica do TDAH veio sofrendo várias alterações (já foi chamado de Disfunção Cerebral Mínima em 1966 e Reação Hipercinética em 1968), até ser reconhecido oficialmente pelo DSM-III em 1980, com o nome de Transtorno de Déficit de Atenção, com ou sem Hiperatividade.
Atualmente o TDAH é um consenso entre médicos e psicólogos de todo o mundo, sendo reconhecido pela OMS (Organização Mundial da Saúde). O TDAH é um transtorno que apresenta como característica essencial um padrão persistente de impulsividade, desatenção e hiperatividade. É um transtorno cerebral herdado, com etiologia multifatorial – fatores neurobiológicos e ambientais que atuam de forma extremamente complexa.
Os sintomas surgem na infância e, com frequência, persistem na adolescência e na vida adulta, embora seus sintomas possam mudar ao longo do desenvolvimento do indivíduo. Trata-se de um problema de saúde mental muito frequente em crianças, adolescentes e adultos em todo o mundo, com uma incidência mundial de 6 a 9% em crianças, e adolescentes e de 3 a 5% em adultos (Dopheide & Pliszka, 2009).
O transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) é um problema comum na população e se inicia na infância. Algumas crianças melhoram os sintomas ao longo de seu desenvolvimento e outras crianças podem continuar apresentando dificuldades na adolescência e até na idade adulta.
O principal problema do TDAH é a dificuldade em manter o foco nas atividades ou prestar atenção. Existe o tipo predominantemente Hiperativo e o tipo predominantemente Desatento. As crianças predominantemente hiperativas são muito agitadas e impulsivas, o que traz problemas nos relacionamentos e uma maior propensão a acidentes. Geralmente, com o passar da idade, a hiperatividade e impulsividade diminuem, enquanto os problemas de atenção tendem a durar até a idade adulta.
Os adultos com TDAH tendem a ter problemas de memória e concentração. Eles podem ser desorganizados e ter dificuldade em cumprir compromissos no trabalho ou em casa. Como consequência deste mau funcionamento podem manifestar problemas com ansiedade, baixa autoestima e depressão.
Embora nenhum tratamento único elimine completamente o TDAH, existem opções úteis nestes casos. O objetivo do tratamento é ajudar crianças e adultos a melhorar as relações sociais, a serem mais competentes em suas tarefas e minimizar os comportamentos prejudiciais. O tratamento baseado em medicação e psicoterapia geralmente produz os melhores resultados.
A psicoterapia visa modificar o comportamento e treinar habilidades sociais, sendo a TCC (terapia cognitivo comportamental) a abordagem mais estudada e utilizada. Medicamentos estimulantes têm sido utilizados há décadas e, apesar da controvérsia, são seguros e eficazes para a maioria das crianças e adultos para ajudá-los a concentrar seus pensamentos e controlar seu comportamento.
O TDAH é uma perturbação que responde muito bem ao tratamento, tanto medicamentoso quanto comportamental. A eficácia do tratamento medicamentoso atinge índices superiores a 70% e as intervenções da psicologia (como terapia cognitivo-comportamental com as crianças e os pais, a psicoeducação e orientação escolar) são reconhecidamente eficazes.
O TDAH está relacionado a muitos prejuízos funcionais quando não é tratado, como mau desempenho e comportamento escolar, relações difíceis com familiares e colegas, desenvolvimento de ansiedade, depressão, baixa autoestima, problemas de conduta e delinquência, experimentação e abuso precoce de drogas.
Autora: Junea Chiari