Há uns tempos atrás, em conversa com um amigo ele perguntava-me como percebemos a obediência nos filhos? É medo ou respeito? Ora aí está uma boa questão, que me fez pensar no desenvolvimento moral do ser humano, especialmente na Adolescência, a fase por excelência da construção de valores sociais e interesse por conflitos éticos e ideológicos.
A Adolescência é uma fase do desenvolvimento humano onde ocorrem mudanças ao nível do corpo, da forma de pensar, socializar e sentir nos vários contextos interpessoais. Com o desenvolvimento das capacidades de reflexão e abstração, os adolescentes permitem-se construir as suas “próprias” teorias da realidade e com elas afirmarem-se. Com um iniciante olhar crítico sobre a realidade tanto podemos esperar da sua parte uma obediência às convenções sociais, como a típica reação de rebeldia e/ou desobediência às normas.
Vários autores desenvolveram teorias mais ou menos complexas sobre o tema, completando com uma exaustiva recolha de dados experienciais. No nosso desenvolvimento moral (desde crianças) encontramos de forma muito simplificada:
– normas que nos são externas e que podemos obedecer para evitar o castigo ou satisfazer determinadas vontades e interesses, logo uma ponderação de consequências físicas e materiais;
– normas interiorizadas e expectativas sociais daquilo que é “certo” ou “errado”, logo uma moralidade que também pode implicar o desejo de sermos respeitados e considerados pelos outros.
Se pensarmos em cada uma destas normas – externas e internas – nas diferentes fases da nossa vida, desde crianças, parando na adolescência (que gera normalmente mais conflitos entre pais e filhos) e até mesmo caminhando à fase adulta (no papel de pais, por exemplo) conseguimos responder a esta pergunta?
Agimos, (des)obedecemos, (in)cumprimos por medo ou respeito? Relativamente aos outros ou a nós? Poderá essa reflexão ajudá-lo no seu papel de cuidador?