O caminho do Mindfulness no Despertar da Atenção

Tempo de Leitura: 7 min

O caminho do Mindfulness no Despertar da AtencaoNo mundo acelerado em que vivemos, com a quantidade de responsabilidades que assumimos, exigências às quais respondemos e papéis que desempenhamos, torna-se fácil entrarmos em modo “piloto automático” e desconectarmo-nos das nossas experiências. A entrada num Novo Ano traz-nos muitas vezes a necessidade de reflexão, numa tentativa de saída desse estado mais automático, em que muitas vezes somos “empurrados” pelos ritmos quotidianos, e em que a intenção nem sempre está presente. Quando damos por nós, surgem sentimentos como frustração, perda de controle ou desorganização mental, como se não soubéssemos bem a direção a tomar. Aceitarmos um convite para o despertar da nossa consciência pode ser útil quando nos sentimos desta forma. Afinal, abrandar e trazer a nossa atenção para a nossa consciência interior e também para o que o exterior nos provoca no plano sensorial, pode ser sinónimo de despertar de um estado de entorpecimento.

O Mindfulness é uma abordagem que pode ajudar neste processo de despertar (interno e externo).

O que é o Mindfulness?

O Mindfulness tem sido estudado desde a década de 70 e são vários os estudos que têm revelado imensos benefícios para a saúde psicológica, nomeadamente na redução dos níveis de stress.
De um modo simples, Jon Kabat-Zinn descreve o Mindfulness como a consciência que surge quando prestamos atenção ao momento presente, intencionalmente, e sem julgamentos. Assim, é essencial uma atitude de interesse, curiosidade e aceitação, quando prestamos atenção ao momento presente, para que possamos vivenciá-lo de uma forma plena e sem julgamentos.

1. Prestar Atenção com Intenção
Prestar atenção com intenção significa assumir a total responsabilidade pelo nosso bem-estar, através de um foco contínuo e deliberado para o mundo que nos rodeia. O Mindfulness oferece assim uma via poderosa e simples de nos desbloquearmos, e de nos colocarmos em contacto connosco próprios. Nesta opção, assumimos as rédeas da direção e qualidade das nossas vidas, incluindo a relação com a nossa família, com o trabalho, com o mundo à nossa volta, mas essencialmente connosco próprios.
– Experimente fazer a questão “Como é que quero relacionar-me com a minha família?” “Qual a atitude que quero ter comigo próprio em situações em que cometi um erro?” ou “Como quero passar estes 15 minutos de pausa?”. As respostas podem ajudar a definir essa intenção e a focar a atenção no que realmente deseja e precisa.

2. Prestar Atenção no momento presente
Prestar atenção ao momento presente traz à superfície uma maior consciência, clareza e aceitação da realidade. Desperta-nos para o facto de que as nossas vidas se desdobram apenas em momentos. Se não estivermos verdadeiramente presentes em muitos desses momentos, podemos perder algumas experiências de vida valiosas e também desperdiçar as oportunidades para desenvolvimento pessoal e transformação interior.
Uma consciência diminuída em relação ao presente traz-nos inevitavelmente reações automáticas e baseadas em enviesamentos do pensamento, por vezes condicionadas por receios e inseguranças. O foco no presente traz a descoberto várias camadas interiores do eu, revelando crenças, emoções e padrões de comportamento que podem ser menos óbvios. É um processo de auto-conhecimento que nos desperta para a riqueza e a complexidade do nosso mundo interior, e também para o mundo que nos rodeia.
– Experimente despertar os seus sentidos e focar-se nas sensações físicas do seu ambiente envolvente, através de uma “observação mindful”. Se estiver na natureza, repare nas cores e nas diferentes texturas do sítio que o rodeia. Observe com atenção os detalhes que por vezes passam despercebidos: os cheiros, os sons, as cores, a luminosidade e as texturas.

3. Prestar Atenção com uma atitude de não-julgamento
Prestar atenção sem julgamento significa libertarmo-nos dos pensamentos disfuncionais que nos impedem de nos sentirmos verdadeiramente em contacto com as nossas experiências.
O hábito de ignorar o momento presente em detrimento de outros (passados ou futuros) conduz-nos a uma falta de consciência em relação às nossas vivências. Isto inclui a falta de consciência e compreensão da nossa mente, nomeadamente da forma como percecionamos as situações e de como agimos. Quando nos comprometemos a prestar atenção com a mente aberta, sem cairmos na armadilha de nos levarmos pelo que gostamos ou desgostamos, das nossas opiniões e preconceitos, das nossas projeções e expectativas… abrem-se novas possibilidades e libertamo-nos das reações automáticas e menos conscientes que conduzem, por vezes, o nosso quotidiano.
– Experimente beber uma chávena de chá como se fosse a primeira vez que o faz, com uma mente de principiante e a curiosidade de uma criança pequena. Descreva a experiência para si próprio, as sensações físicas (se está quente ou morno, qual o aroma, o contacto das mãos com a chávena), sem atribuir opiniões pessoais (se é bom ou mau, se gosta ou não gosta) ou antecipar expectativas. Se a mente começar a divagar ou se surgirem julgamentos, conduza gentilmente a atenção de volta ao exercício. Este exercício pode ser feito com diversas experiências, e permite que encaremos cada experiência com abertura, curiosidade e a disponibilidade de aproveitarmos o momento presente.

A prática de Mindfulness destaca-se como uma porta para o despertar de estados mais automáticos e menos conscientes das nossas vivências. Orientar a nossa atenção deliberadamente para o momento presente facilita assim um estado de consciência mais elevado, que por sua vez abre caminho para uma compreensão mais aprofundada do nosso mundo interior. Despertar esta consciência plena pode ser um caminho interessante num processo de auto-conhecimento, aumento dos níveis de resiliência e um maior contacto com as experiências internas e externas. No entanto, é um processo que exige consistência na sua prática e comprometimento pessoal, uma vez que apesar de ser simples, não é necessariamente fácil. Neste novo ano, desafie-se a despertar a sua consciência!

Referências:

Kabat-Zinn, J. (2005). Wherever You Go There You are (10th ed.). Hyperion.
William, M. & Penman, D. (2011). Mindfulness: A Practical Guide to Finding Peace in a Frantic World. Piatkus Books
Kabat-Zinn, J. (2012). Mindfulness for beginners: reclaiming the present moment–and your life. Boulder, CO, Sounds True

Soraia Jamal
Soraia JamalPsicóloga • Coach

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24 de Maio, 2024

Artigo claro, conciso e verdadeiro.

Patrícia Simões
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2024-01-30T11:55:34+00:0030 de Janeiro, 2024|
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