Autor: Isabel Policarpo
Hoje toda a gente acha que tem que mostrar e dizer o quão exausto e ocupado anda.
Tudo o que seja estar menos de dez ou doze horas no local de trabalho é mal visto e entendido como um sinal de preguiça, irresponsabilidade e falta de empenho. Até mesmo nas férias temos de estar alegremente ocupados e quem não está só pode ser um pobre coitado.
Hoje todos nós acreditamos que para sermos realmente bons e dedicados, temos de andar a correr de um lado para o outro. Correr e ter múltiplos afazeres diários é motivo de orgulho e sinónimo de ser bem-sucedido.
Mas não é fácil viver como se estivéssemos sempre perante alguma emergência ou uma qualquer catástrofe.
Acresce que o colocar do foco na produção, no constante fazer, não permite tempo suficiente para pensar, falar, descansar, sentir, sonhar ou simplesmente divagar e brincar com ideias.
Não sei onde exactamente onde nos conduzirá esta nova forma de “escravatura”, mas temo que nos leve para longe de nós e nos afaste da capacidade para desenvolvermos relacionamentos e/ou novas ideias.
Cada um de nós é responsável por dar o primeiro passo e fazer diferente. Criar mais tempo para si e para os outros, significa uma mudança em toda a nossa cultura e na forma de pensar sobre o que é bom e o que não é bom.
Estas férias vou quebrar o meu ciclo e substituir a lógica do fazer, pela do dar simplesmente tempo para estar. E você?