Autor: Lúcia Bragança Paulino
Para todo o ser humano as separações são momentos difíceis. Quebram-se laços, rotinas, disponibilidades físicas e emocionais. Para todos este momento traz ansiedades e adaptações. No entanto é na criança que me vou focar, visto que são elas que me chegam ao consultório, com o seu olhar cabisbaixo, com o seu mau comportamento, com as suas birras incontroláveis ou mesmo com as suas mágoas e zangas contra os pais. Como consequências imediatas de um divórcio/separação, a criança vivencia:
– Medos do futuro;
– Culpa acerca do seu papel no divórcio;
– Mágoa com o progenitor que sai de casa;
– Zanga com ambos os pais.
Como consequências de um divórcio poderemos ter uma panóplia de situações, umas negativas mas também algumas positivas. Quando existem problemas estes poderão ser de índole social, escolar ou mesmo comportamental, já que várias crianças desenvolvem hostilidade, agressividade, desobediência e depressão após um divórcio. No entanto a maior parte das crianças adapta-se gradualmente, consoante uma série de fatores que poderão influenciar esta adaptação. Os fatores que poderão contribuir para uma melhor adaptação ao divórcio, por parte da criança são:
– Resiliência da criança;
– Modo como os pais lidam com questões que envolvem a separação;
– Idade, sexo e o temperamento da criança (normalmente a adaptação do rapaz é mais difícil).
Será extremamente importante ter em atenção o acordo relativo ao poder paternal, tendo em conta o interesse superior da criança, a contribuição financeira, o contacto com o outro progenitor e a qualidade da relação com o novo companheiro(a) da mãe/pai.
Com crianças mais novas, a adaptação poderá ser mais difícil visto que têm perceções menos realistas da realidade e ficam ainda mais ansiosas no momento da separação.
Nem sempre as coisas correm mal e como fatores protetores poderei enumerar o facto dos pais com mais auto-controlo, mais cooperantes e que evitam expor os filhos a discussões, criam menos probabilidades de existirem problemas com a criança. Os rapazes poderão também beneficiar mais com um contacto regular e frequente com o progenitor que não tem o poder paternal, em geral o pai.
É também verdade, que nalgumas situações o divórcio pode trazer frutos positivos que permitem aos pais serem felizes noutras relações, proporcionando às crianças libertarem-se de famílias disfuncionais, ganharem novas famílias, novas casas e experiências de vida ricas… quando as coisas correm bem!