Autor: Maria João Matos
Os filhos não contam muitas coisas aos pais. As más notas, as relações sexuais, o consumo de álcool. Mas também outras coisas! Que vão sair com amigos, quando na realidade vão sair sozinhos porque não têm amigos, que têm namorada, quando na verdade não existe ninguém. Há muitos adolescentes que preferem esconder, o que sentem e pensam. Os filhos às vezes não falam com os pais porque acham que eles não têm capacidade para os entender. Têm a internet, os amigos, e porque acham que não têm que contar tudo aos pais. E por vezes quando o fazem, os pais têm dificuldade em não contar o que se está a passar a outros elementos da família, o que acaba por quebrar a confiança dos filhos e levar a um isolamento maior. Sentimentos de exposição e de vulnerabilidade ganham mais peso e dificultam ainda mais a possibilidade de abertura e de diálogo em família. Estas situações promovem a quebra de confiança no que respeita aos pais e adultos, acentuando a distância que os pais tanto se queixam.
É necessário que os filhos sintam confiança nos pais, quando recorrem até eles. E como se consegue essa confiança?
É uma tarefa difícil ganhar a confiança de um filho de um dia para o outro, é preciso muito investimento e acima de tudo é preciso tempo, persistência, atenção e paciência.
Tempo para estar com eles, tempo para estar no mesmo espaço que eles e observar os comportamentos, tempo para estarmos bem, sem pressas! Precisamos também de dedicação, de regras e amor, sem pressão, sem invasão da intimidade, com respeito pelo adolescente que ele é.