Autor: Rita Castanheira Alves
Um estudo publicado na última edição da revista Development and Psycopathology sugere que os pais que se irritam facilmente e reagem bruscamente têm maior probabilidade de ter filhos que agem impulsivamente e que se aborrecem facilmente.
O estudo foi levado a cabo por um grupo de investigadores da Universidade do Estado de Oregon, do Centro de Estudos de Aprendizagem Social de Oregon e de outras instituições, os quais recolheram dados em dez estados de 361 famílias adoptivas e obtiveram dados genéticos dos pais biológicos e das crianças.
As crianças foram seguidas aos 9, 18 e 27 meses de idade e foram encontrados os seguintes resultados: os pais adoptivos com tendência para reagir bruscamente, irritam-se rapidamente quando as crianças cometem erros. Estes pais tinham um efeito significativo nos seus filhos, os quais manifestavam um estado emocional negativo, agiam impulsivamente ou apresentavam mais birras do que seria de esperar nas suas idades.
Os investigadores sugerem que a genética também tem um papel nesta questão, especialmente nas crianças com o risco genético dos padrões emocionais negativos das suas mães biológicas.
Os investigadores também concluíram que as crianças que exibiam um aumento de estados emocionais negativos à medida que cresciam (dos 9 para os 27 meses) também exibiam mais problemas comportamentais aos dois anos de idade, o que indica que as emoções negativas têm o seu próprio processo de desenvolvimento, o qual tem implicações nos comportamentos futuros das crianças.
Uma das autoras, Shannon Lipscomb, professora assistente de Desenvolvimento Humano e Ciências da Família na Universidade de Oregon, transmite que a mensagem a passar aos pais é que a forma como as crianças se adaptam à primeira infância, período marcado pelo aumento da mobilidade e dependência da criança, pode ter um impacto na forma como a criança se irá desenvolver. Segundo a autora, a capacidade dos pais de se regularem e se manterem firmes, confiantes e não reagirem de forma brusca é a estratégia com a qual poderão ajudar as crianças a alterar os seus comportamentos. O pai/a mãe é o exemplo nas suas próprias emoções e reacções.