A Procrastinação é um comportamento que se auto-alimenta ciclicamente. A principal razão de tal deve-se ao facto de permitir um alívio temporário e ilusório da sensação de pressão de ter de terminar uma determinada tarefa num prazo estabelecido.
Quando mergulhamos mais na problemática da procrastinação podemos perceber vários pensamentos típicos que alimentam este padrão de adiar, continuamente, as tarefas.
No fundo o que dizemos a nós mesmos para adiar tarefas? Que pensamentos de auto-sabotagem usamos?
Aqui ficam então os mais comuns:
- Ao ignorar uma tarefa, a pressão de ter de a realizar vai desaparecer por completo.
- Prazos apertados impedem o funcionamento mais eficaz e competente. Mais vale não realizar a tarefa, porque com um prazo tão apertado ficará por certo mal feita.
- O trabalho sai muito melhor quando estou sob uma elevada pressão. Portanto, agora, não vale a pena fazer nada.
- Tudo tem de estar absolutamente perfeito! Este pensamento conduz a que se debruce numa parte da tarefa, ignorando a tarefa na sua globalidade, até que o prazo acaba e a tarefa está incompleta.
- Existem várias tarefas importantes para completar, antes de “atacar” a tarefa principal. Este pensamento conduz a uma priorização de tarefas secundárias, para ignorar a tarefa principal. Por exemplo: “Tenho de arrumar tudo antes de começar a trabalhar!”
- É mais importante ajudar os outros e estar disponível do que terminar as minhas tarefas. Esta obrigação imposta de ajudar os outros acaba por adiar, continuamente, as tarefas a que nos propomos: “Eu precisava de trabalhar, mas o meu amigo quer ir beber um café…”
- Ver a tarefa como algo interminável, impossível de acabar em vez de trabalhar faseadamente. Ser incapaz de pensar ponto por ponto na tarefa e entrar em estados de ansiedade perante a enormidade da tarefa em questão. Tipicamente, a situação de ansiedade gerada pelo receio de não ser capaz de escrever algo volumoso como uma tese de doutoramento.
- Não dar importância a pequenas interrupções na realização de uma tarefa: “Só vou perder cinco minutos a ver alguns e-mails” acabando por perder por completo a noção do tempo.
- Ter de escolher a alternativa/caminho certo e acabar por não escolher nada: “Não sei por onde começar!”
- Alimentar a ideia de que se é irresponsável, indisciplinado e preguiçoso e acreditar em tal, a ponto de justificar a inércia: “Não há nada a fazer! Eu sou preguiçoso!”
- Ter a ideia que o importante é fazer alguma coisa, descurando por completo o rigor da tarefa em questão e fugindo de tal: “Isto vai ficar tudo mal feito, mas pelo menos fiz algo!”
- Subestimar o tempo necessário para a realização de uma dada tarefa por uma avaliação irrealista da capacidade necessária para realizar o desafio em questão: “Eu consigo resolver isto numa hora” e demorar, talvez, cinco horas!
- Alimentar a ideia de que “amanhã tudo será diferente e vou verdadeiramente trabalhar” e entrar num processo de contínuo engano e auto-sabotagem perante tal.
- “Vou esperar que me apareça a vontade para começar”
- “Hoje mereço celebrar”
Um procrastinador pode ser considerado como uma pessoa especialista na capacidade de adiar, continuamente, a tarefa a que se propõe.
O primeiro passo para sair deste ciclo é a consciencialização e a responsabilização da auto-sabotagem que é continuamente feita. Para tal é importante conhecer e identificar os típicos pensamentos que ilustram a auto-sabotagem.
Se tem problemas de procrastinação e se se reconhece nestes típicos pensamentos talvez o melhor seja mesmo procurar um apoio especializado.
Na Oficina de Psicologia certamente encontrará a ajuda certa.