Perturbações de personalidade na adolescência
A adolescência é marcada por várias transformações, a nível familiar, social e fisiológico. No entanto, a estrutura de personalidade já começou a ter raízes e vai-se tornando mais sólida e consistente conforme vão chegando à idade adulta. A personalidade é definida como o conjunto de características de um indivíduo, que condicionam a sua forma de viver, de perceber o mundo, relacionar-se com os outros e pensar sobre si mesmo. Identificam-se pelos interesses, motivações, valores e padrões emocionais.
Nas perturbações de personalidade, estes padrões são complexamente inflexíveis, o que faz com que quando a pessoa se vê confrontada com diferentes necessidades, dos outros e do contexto que a envolve, tem uma grande dificuldade em adaptar-se, o que leva a um grande sofrimento. Isto interfere grandemente na funcionalidade, pois provoca disrupções nos vários contextos e esferas da vida (social, profissional, familiar, etc.)
Existe alguma resistência em diagnosticar este tipo de perturbação em jovens, no entanto, quando se faz o diagnóstico em adulto, percebe-se claramente que os critérios de diagnóstico já existiam muito antes da maioridade. Quanto mais cedo existir um diagnóstico, mais cedo se pode intervir adequadamente. A intervenção precoce visa reduzir o impacto desta perturbação, que pode ser bastante grave, pois devido à cristalização de funcionamento e ao sofrimento que acarreta, a probabilidade de vir a desenvolver simultaneamente outra perturbação (depressão, ansiedade, etc) é bastante elevada.
Na intervenção primeiro adquire-se uma consciência das suas dificuldades emocionais e relacionais, e depois desenvolve-se estratégias adequadas de resolução dos problemas, avalia-se as distorções cognitivas da realidade e intervém-se em padrões de comportamento que são desadaptados. O objectivo é diminuir o sofrimento, aumentar a qualidade de vida e permitir a estes jovens levarem consigo estas ferramentas para a vida adulta, de modo a perceber quais serão as escolhas mais saudáveis e satisfatórias para as suas vidas.
Enquanto cuidador, esteja atento a comportamentos desviantes e / ou auto-lesivos, uso de substâncias, dificuldade de interacção (excessiva dependência, conflitos, isolamento social), evitamento de contacto com as emoções e dificuldade em regulá-las, grande dificuldade em controlar impulsos, perfeccionismo.
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Ao ler entendi mais uma vez que muitos conflitos e inadaptação na vida de muitos adultos resultam da ausência de intervenção precoce. É um grito de socorro que apetece lançar para a existência de psicólogos nas escolas em número suficiente visando despistar e acompanhar crianças e jovens. Na prevenção é que está o ganho. Psicólogos organizados são sempre mais fortes para fazer chegar a quem governa o país este desiderato que tem ficado na lista de espera das opções prioritárias de intervenção na saúde pública.
Ótimo artigo