A vida nem sempre é “cor-de-rosa” e podem nos acontecer eventos muito difíceis de explicar e de lidar. Por exemplo, nenhum de nós está livre de ser assaltado à mão armada, de presenciar uma catástrofe natural (e.g. incêndio, terramoto) ou um acidente de carro fatal. Subitamente, uma pessoa que nos é próxima pode falecer ou podemos ser traídos pelo/a nosso/a cônjuge.
Todos estes acontecimentos provocam uma dissonância com a nossa noção de vida e de “ser” – isto significa que, embora vejamos estes eventos em filmes ou livros, nunca achamos que nos vão acontecer a nós e, quando sucedem, provocam um choque muito grande e incompreensível. O que achávamos ser certo, seguro ou fiável, deixa de o ser, e podemos sentir-nos desconectados com a realidade, bloqueados ou “adormecidos”.
Por outro lado, podemos também ter reacções explosivas de tristeza, de raiva ou de mania (i.e., demasiada energia e excitação). É muito comum termos pesadelos ou não conseguirmos deixar de pensar no acontecido; uma intuição constante de que algo mau vai acontecer é também normal suceder. Isto são tudo reacções comuns a um trauma.
Segundo a American Psychological Association (APA), um trauma é uma resposta emocional a qualquer evento de vida terrível e inesperado. É um conjunto de emoções que representam uma resposta normal dos seres humanos. No entanto, algumas pessoas têm maior dificuldade em ultrapassá-las e seguir com as suas vidas.
Nestes casos, existem várias dicas importantes que o/a podem ajudar a restaurar o seu bem-estar emocional e psicológico e a recuperar alguma noção de controlo na sua vida, como por exemplo as que se seguem.
- “Dê tempo ao tempo”: todos nós conhecemos esta expressão, porém em situações traumáticas ela adquire uma conotação muito importante; não devemos tentar apressar a ultrapassagem desta barreira traumática e devemos dar-nos tempo para sentir o que precisamos sentir. Qualquer trauma implica uma perda – quer seja de alguém ou de alguma parte de nós – portanto precisamos de algum tempo para concluir este “luto”.
- Procure um “ombro amigo”: peça ajuda a alguém que lhe seja próximo (mas que não esteja envolvido na situação traumática), que consiga compreender a situação e empatizar consigo.
- Comunique a sua experiência: pode ser falando com alguém, com um grupo de apoio, um psicólogo, escrevendo um diário para si mesmo ou criando peças de arte (e.g. pinturas), que representem a sua vivência e as suas emoções.
- “Corpo são, mente sã”: coma bem, faça exercício, durma as horas necessárias, entre outros comportamentos saudáveis para o seu corpo; verá que isto irá ajudar a manter os seus níveis de stress mais controlados.
- Evite decisões muito importantes: neste momento não deve tomar decisões muito importantes ou fazer mudanças radicais na sua vida, uma vez que está a agir afectado pelas emoções traumáticas.
- (Re)estabeleça rotinas: após um acontecimento que provoca um choque tão grande, uma pessoa fica muito desorganizada; portanto, é também importante estabelecer rotinas fixas para o dia-a-dia. A organização prática do dia ajuda a uma organização mental do que pensamos ou sentimos.
- Aproveite para procurar (novos) prazeres: é exactamente nestes momentos que devemos procurar/relembrar hobbies ou actividades que nos tragam alguma alegria ou tranquilidade, para que aos poucos as emoções positivas que estas pequenas actividades nos trazem possam ser transladadas para o dia-a-dia.
Se nenhuma destas dicas estiver a ajudar (o suficiente), pense em procurar ajuda psicológica e/ou psiquiátrica. Porque mais do que nunca é importante que esteja bem!
Autora: Catarina Cunha